
Imagine acordar antes do sol nascer, sentir o cheiro do mar e ouvir o barulho das ondas batendo no casco do barco. Essa é a rotina de Zequinha, um homem que, aos 80 anos, ainda carrega no rosto as marcas de uma vida inteira dedicada à pesca. Ele é mais do que um pescador — é um símbolo de resistência e amor pelo mar em Santa Catarina.
"Nunca soube fazer outra coisa", confessa Zequinha, com um sorriso que mistura orgulho e nostalgia. Suas mãos calejadas contam histórias que nenhum livro poderia registrar. Desde os 12 anos, ele enfrenta as águas — às vezes calmas, outras vezes revoltas — para trazer o sustento para casa.
Um Legado que Vai Além dos Peixes
Não se engane: Zequinha não é apenas um pescador. Ele é um guardião de saberes que estão desaparecendo. Enquanto muitos jovens hoje preferem empregos em terra firme, ele mantém viva uma tradição que moldou a identidade de cidades litorâneas.
"Antes, a gente pescava com rede de espera e linha de mão. Hoje é tudo motorizado", reflete, com um suspiro que revela saudade dos tempos mais simples. Mas nem por isso ele desistiu — adaptou-se, como sempre fez.
O Mar que Moldou uma Vida
Quem conversa com Zequinha percebe logo: o mar não é só seu local de trabalho, é parte de quem ele é. "Tem dias que a gente briga com o oceano, tem dias que a gente faz as pazes", filosofa, enquanto arruma suas redes com movimentos precisos.
Seus colegas mais jovens — poucos, é verdade — o tratam com respeito que beira a reverência. Afinal, quantos podem dizer que enfrentaram tempestades sem GPS, contando apenas com a intuição e conhecimento passado de geração em geração?
Aos 80 anos, quando muitos já estariam descansando, Zequinha ainda acorda de madrugada. "O mar chama", diz, como se explicasse o óbvio. E quem pode discordar? Para ele, aposentadoria é palavra que não existe no dicionário.