
Imagine um lugar onde a esperança parece ter ido embora. Agora, imagine alguém que, contra todas as probabilidades, resolveu trazer essa esperança de volta. Esse alguém se chama Sérgio Paizão — e ele não é um super-herói de quadrinhos, mas faz coisas que até o Homem-Aranha acharia impressionantes.
Há mais de duas décadas, esse mineiro de coração gigante vem mudando a realidade do Aglomerado da Serra, uma das comunidades mais carentes de Belo Horizonte. E olha que ele não chegou com um caminhão de dinheiro ou um exército de assistentes sociais. Não, senhor. Ele veio com algo mais poderoso: vontade de fazer a diferença.
Das pequenas ações aos grandes impactos
Tudo começou com um gesto simples — desses que a gente nem imagina que pode virar uma revolução. Sérgio, que trabalhava como cobrador de ônibus, começou a organizar atividades esportivas para as crianças da comunidade. Era só um jeito de tirar a molecada da ociosidade, sabe? Mas aí a coisa pegou.
"Quando vi que aqueles olhinhos brilhavam a cada gol marcado, percebi que estava no caminho certo", conta ele, com aquela voz mansa que só quem tem história pra contar consegue ter.
O projeto que virou referência
De esportes para ações sociais foi um pulo. Hoje, o "Projeto Paizão" — como é carinhosamente chamado — oferece desde reforço escolar até cursos profissionalizantes. Tem até biblioteca comunitária, num espaço que antes era um terreno baldio cheio de lixo.
- 2002: Começa com um time de futebol de várzea
- 2008: Inicia as aulas de reforço com voluntários
- 2015: Conquista o primeiro espaço físico próprio
- 2024: Atende mais de 500 pessoas por mês
E o mais incrível? Tudo feito com doações e muito, muito suor. "Às vezes a conta não fecha, mas a gente sempre dá um jeito", diz Sérgio, mostrando aquela resiliência típica de quem nasceu pra transformar realidades.
O legado que vai além do concreto
Os números impressionam, mas são as histórias individuais que realmente emocionam. Como a da Maria Eduarda, que entrou no projeto aos 9 anos, tímida e com dificuldades na escola. Hoje, aos 19, está cursando pedagogia e voltou como voluntária. "O Paizão me mostrou que eu podia sonhar mais alto", conta, com os olhos marejados.
Ou o caso do Rafael, que escapou do tráfico graças ao projeto. "Aqui eu encontrei outra família", diz ele, agora ajudante de pedreiro e orgulhoso pai de dois filhos.
E Sérgio? Continua lá, firme e forte, mesmo com as dificuldades. "Enquanto tiver força, vou continuar", promete. E a comunidade acredita — porque depois de 20 anos, eles sabem que quando o Paizão fala, é pra valer.