
Quem diria que um simples scroll no feed poderia virar uma viagem no tempo? Em João Pessoa, os moradores estão transformando suas paixões pela cidade em verdadeiras cápsulas digitais de memória. Não é só sobre postar fotos bonitas — é sobre recontar histórias que os livros não contam.
De repente, aquela esquina comum ganha vida com um relato sobre o primeiro cinema da cidade. A praça onde todo mundo passa apressado revela segredos de décadas atrás. E o melhor? Tudo feito por quem realmente conhece os cantos e recantos da capital paraibana.
Da nostalgia ao clique: como tudo começou
Não foi um movimento planejado — simplesmente aconteceu. Primeiro veio aquele post casual sobre "como era antes". Depois, outro sobre "você sabia que...". Quando perceberam, já havia uma rede (no sentido literal e figurado) de contadores de histórias urbanas.
"A gente nem imaginava que ia pegar tanto", conta Maria do Carmo, administradora de um perfil que já reuniu mais de 500 histórias sobre o Centro Histórico. "É como se cada post fosse um tijolinho nessa construção coletiva da nossa memória."
O segredo do sucesso? Autenticidade
Enquanto algumas cidades sofrem com conteúdo artificial, João Pessoa respira genuinidade nas redes. Os perfis mais seguidos não são os mais polidos — são os que têm:
- Fotos que mostram o "de verdade" da cidade
- Histórias que só quem viveu poderia contar
- Um toque pessoal que nenhum algoritmo consegue replicar
E o público? Absorve cada post como quem descobre um tesouro escondido no quintal de casa. "As pessoas estão sedentas por conexão real, especialmente com o lugar onde vivem", analisa o antropólogo Raul Mendes.
Para além dos likes: impacto real
O que começou como diversão virou algo maior. Alguns exemplos:
- Campanhas para preservação de prédios históricos ganharam força
- Comércios locais esquecidos voltaram a ser frequentados
- Até roteiros turísticos alternativos surgiram dessa produção espontânea
Não é exagero dizer que as redes sociais estão ajudando a reescrever — literalmente — a história da cidade. E o mais bonito? Sem script, sem patrocínio, só com amor genuíno por João Pessoa.
Quem vê posts assim até esquece que está rolando a timeline. Parece mais uma conversa de boteco, daquelas que a gente guarda no coração. E talvez seja justamente isso: a cidade ganhando voz através de quem melhor a conhece.