
Que atriz consegue transmitir tanto com um simples olhar? Toni Collette, essa australiana de talento fora do comum, está prestes a nos embarcar em mais uma jornada intensa. Desta vez, no suspense psicológico Desobedientes, que chega com a promessa de virar nosso estômago de ansiedade.
O filme — dirigido por ninguém menos que William Friedkin, o mesmo gênio por trás de O Exorcista — coloca Collette no papel de uma mulher misteriosa cuja vida parece saída de um pesadelo. E olha, Friedkin não perdeu a mão: a atmosfera é densa desde os primeiros minutos.
Um Enigma Chamado Toni
O que faz uma pessoa comum questionar tudo ao seu redor? Collette vive justamente essa mulher arrastada para uma teia de segredos familiares tão sombrios que dão arrepios. Sua personagem — evitando spoilers — precisa desvendar verdades que preferiria nunca ter conhecido.
E não é só susto barato não. O roteiro tece uma narrativa sobre obediência cega e suas consequências devastadoras. Aquela velha pergunta: até que ponto devemos seguir ordens quando nossa consciência grita o contrário?
Mais do que um Thriller, uma Reflexão
O que realmente impressiona em Desobedientes — além, claro, da atuação de tirar o fôlego de Collette — é como o filme consegue ser entretenimento de alta qualidade e, ao mesmo tempo, uma facada em nossas certezas mais confortáveis.
Friedkin constrói cenas de tensão com uma maestria que poucos diretores vivos ainda possuem. E tem esses momentos de silêncio que ecoam mais alto que qualquer efeito especial. Você fica ali, na beirada do sofá, tentando decifrar cada microexpressão no rosto da protagonista.
É daquelas experiências cinematográficas que ficam martelando na sua cabeça dias depois que os créditos rolam. E num mundo de produções descartáveis, que alívio encontrar uma obra com tanta permanência.
Vale a Pena o Investimento Emocional?
Absolutamente sim. Para quem cansou de sustos previsíveis e vilões caricatos, Desobedientes oferece um terror mais sofisticado, aquele que nasce da percepção de que o perigo real muitas vezes veste roupas comuns.
Collette — que já nos acostumou com performances memoráveis em O Sexto Sentido e Hereditário — entrega tudo de novo. Parece até que ela tem um pacto com a intensidade dramática.
E o filme não economiza naqueles detalhes que fazem diferença: a fotografia sombria, a trilha sonora inquietante, o ritmo que alterna entre calmaria enganosa e turbulência total. Tudo conspira para nos manter presos até o último instante.
Na moral? É daqueles que você termina e já quer recomendar para os amigos — mas com a ressalva: preparem o coração.