
Spike Lee não é do tipo que fica em silêncio. Nunca foi. Dessa vez, ele volta à carga com um filme que promete chocar e, claro, provocar debates acalorados. O título? Luta de Classes. Mas não se engane pelo nome – vai muito, mas muito além disso.
O longa, que ele exibiu com orgulho fora de competição no Festival de Cannes, é na verdade uma mistura explosiva. Um drama policial? Sim. Um thriller? Também. Uma sátira social afiada? Com certeza. Lee pega a tensão racial e a desigualdade social, coloca numa panela de pressão e deixa ferver até explodir.
O que Esperar do Filme?
A trama gira em torno de dois detetives de Nova York – vividos por um elenco de peso. De um lado, um veterano branco, cheio das marcas do tempo. Do outro, uma parceira mais jovem e negra, cheia de gás. Juntos, eles precisam resolver um assassinato que acontece num daqueles prédios chiques, daqueles onde o dinheiro cheira a novo.
E é aí que a coisa fica interessante. Lee usa essa investigação como pano de fundo para dissecar as feridas abertas da América. A violência policial, a desigualdade escancarada, os privilégios de uma elite que vive numa bolha… nada escapa ao seu olhar crítico.
O Cinema Morreu? Spike Lee Diz Que Não
Mas a polêmica não ficou só nas telas. Em entrevista, o diretor foi perguntado sobre a atual crise das bilheterias. E a resposta foi puro Spike Lee: sem rodeios e direto no ponto.
«Olha,» ele dispara, «não adianta chorar pelo leite derramado. As pessoas, especialmente os mais jovens, simplesmente não saem de casa como antes. Ficam grudadas naquelas plataformas, assistindo tudo no celular ou na TV. E perdem a magia, sabiam? Perdem a experiência coletiva, a emoção de uma sala escura, a potência do som que vibra no peito.»
Ele não está errado, né? Quantas vezes você mesmo escolheu o sofá em vez do cinema? A questão é que, para Lee, isso é mais do que uma mudança de hábito – é um empobrecimento cultural.
Um Chamado à Ação
O filme, assim como suas declarações, soa como um convite. Ou melhor, um desafio. Spike Lee não quer apenas entreter; ele quer cutucar a plateia com um graveto. Quer que a gente saia da zona de conforto, pense, discuta, se incomode.
«Luta de Classes» não chega como uma obra fácil. É daquelas que ecoam na cabeça horas depois que os créditos rolam. E talvez seja exatamente isso que estejamos precisando: menos conteúdo descartável e mais arte que mexe com os nossos alicerces.
E aí, vai encarar?