
E o palco ficou um pouco mais vazio. Luis Fernando Verissimo — ah, o Verissimo! — partiu nesta sexta-feira (30), em Porto Alegre. Tinha 88 anos e uma cabeça que nunca parou de criar. Filho do também gigante Érico Verissimo, carregou o sobrenome com uma leveza irreverente que era só sua.
Que homem. Que mente. Quem nunca leu uma daquelas crônicas afiadas e saiu com um sorriso no canto da boca? Ele tinha esse dom — misturar o cotidiano com uma ironia tão fina que doía bem. E doía de rir.
Mais do que palavras
Mas não era só tinta no papel. Verissimo respirava jazz. O saxofone era uma extensão dele — talvez outra maneira de contar histórias, sem palavras. Dizem que às vezes a música fala onde a linguagem se cala. E ele sabia disso melhor que ninguém.
Porto Alegre perde um pedaço da sua alma cultural. O Brasil, uma voz que nunca se cansou de questionar, de ironizar, de ver o absurdo por trás do normal.
Um legado que não se apaga
Deixa uma obra vasta — crônicas, livros infantis, traduções, humor. Como se uma única vida pudesse caber tanta criação. Deixa também fãs. Milhares deles, que cresceram lendo suas linhas tortas num jornal de domingo.
E deixa saudade. Daquelas que doem, mas que também lembram a gente do que é bom. Do que é inteligente. Do que é genuinamente brasileiro.
Descansa em paz, mestre. O sax pode ter calado, mas as palavras — ah, essas ficam.