Circo nas periferias de BH: artistas transformam realidade com malabares e sonhos
Circo social transforma realidade nas periferias de BH

Quem disse que o picadeiro precisa de lantejoulas e arquibancadas caras? Na quebrada de Belo Horizonte, um grupo de artistas tá virando o jogo com muito mais que piruetas — tão transformando vidas. E olha que não é exagero.

De segunda a sexta, enquanto a cidade corre pro trabalho, eles ensaiam entre vielas e vielas. Não tem estrutura de primeiro mundo, mas tem algo que falta em muitos teatros chiques: alma. "A gente faz mágica com o que tem", conta Rafael, um dos malabaristas, enquanto equilibra uma cadeira velha no queixo (sim, cadeira!).

Arte que nasce do asfalto

O projeto começou meio sem querer em 2019. Dois amigos que faziam palhaçada no farol juntaram mais três — e quando viram, já tinham uma trupe inteira. "É incrível como a arte encontra a gente", reflete Joana, a única mulher do grupo inicial, enquanto amarra as fitas acrobáticas num poste de luz.

O que começou como brincadeira hoje:

  • Movimenta 15 artistas fixos
  • Já formou três turmas de oficinas gratuitas
  • Faz apresentações mensais que lotam a pracinha da Vila São Cristóvão

E o melhor? Tudo feito com material reciclado. "Aquele pneu velho vira trapézio, a mangueira quebrada vira corda bamba", explica Marcos, o "professor" do grupo, com orgulho que transborda pelos olhos.

Mais que espetáculo, transformação

O que esses malucos não contavam era o efeito dominó que iam criar. Crianças que antes ficavam na rua sem rumo agora disputam vaga nas oficinas. "Meu filho mudou completamente", conta Dona Maria, mãe de um dos alunos. "Antes era só problema na escola, agora até as notas melhoraram."

E não para por aí. A trupe já:

  1. Conquistou um edital municipal
  2. Virou caso de estudo na UFMG
  3. Tá inspirando grupos em outras comunidades

"A gente não quer só divertir", diz Rafael, sério como nunca. "Queremos mostrar que a quebrada também é lugar de arte — e arte boa." E pelo visto, eles tão conseguindo. Com sobras.

Enquanto isso, na pracinha da Vila, o circo continua. Sem holofotes caros, mas com luz própria de quem sabe que tá fazendo história. E você, quando foi a última vez que viu um espetáculo que mudou vidas?