
O que era para ser uma celebração da dança virou um verdadeiro pandemônio. A apresentação do Bailado Oficial da Cidade de São Paulo no Festival de Dança de Joinville deixou muita gente de cabelo em pé — e não foi só pela qualidade técnica dos bailarinos.
Parece que alguns vereadores da cidade catarinense enxergaram mais do que piruetas e arabescos no espetáculo. "Há claras referências ao ocultismo", disparou um parlamentar, que preferiu não se identificar. Outros foram mais diretos: "É pura apologia ao satanismo!".
O que teria causado tanta controvérsia?
Segundo os críticos, elementos como:
- Figurinos com supostos símbolos esotéricos
- Coreografias que lembrariam rituais
- Iluminação com tons "sombrios"
Mas calma lá! A diretora artística do grupo, Maria Fernanda Cortez, quase engasgou com o café quando soube das acusações. "Isso é de doer", disse, entre risos incrédulos. "Estamos há 15 anos apresentando essa obra pelo mundo inteiro e nunca ninguém viu essas coisas."
O espetáculo em questão — "Metamorfose Urbana" — foi criado em 2010 e já rodou mais de 30 países. "É uma reflexão sobre a transformação das cidades", explica Cortez, ainda perplexa. "Mas transformação no sentido arquitetônico, não espiritual!"
E a plateia? O que achou?
Enquanto isso, nas redes sociais, o público parece dividido. Alguns espectadores juraram ter sentido "uma energia pesada". Outros acharam tudo bobagem. "Parece aquela história do desenho do Pica-Pau nos anos 90", comentou um usuário, referindo-se às teorias sobre mensagens subliminares.
O festival, que tradicionalmente atrai milhares de amantes da dança, nunca tinha vivido uma polêmica dessas. "No ano passado tivemos uma coreografia inspirada em vampiros e ninguém falou nada", lembra um produtor local, que pediu para não ser identificado.
Especialistas em arte se mostraram céticos. "Quando não entendemos algo, nossa tendência é demonizar", analisa o crítico cultural Roberto Almeida. "É mais fácil acusar de satanismo do que admitir que talvez não tenhamos repertório para apreciar a complexidade da obra."
Enquanto isso, a prefeitura de São Paulo — que mantém a companhia — se limitou a dizer que "analisará o caso". Já os artistas seguem perplexos. "Da próxima vez talvez a gente faça um ballet do Cinderela", brincou um dos bailarinos, sob condição de anonimato. "Mas aí vão dizer que a fada madrinha é uma bruxa..."