
Quem diria que um peixinho discreto das águas baianas iria se tornar o queridinho dos aquários pelo mundo afora? Pois é, a moréia-banana — aquela de cor amarelo-vivo que parece ter saído de um desenho animado — está fazendo a cabeça de colecionadores de peixes ornamentais de Tóquio a Miami.
Nativo da Baía de Todos os Santos, esse bicho de aparência quase surreal (parece uma cobra nadando, mas é 100% peixe) virou artigo de luxo. Um só exemplar pode chegar a custar mais de R$ 3 mil no mercado internacional. Não é pra qualquer um, né?
O ouro amarelo da Bahia
Os pescadores artesanais da região contam que, antigamente, a moréia-banana até assustava — "parece um bicho de outro mundo", diz Seu Zé, pescador há 40 anos. Agora? Virou fonte de renda. "Tá difícil até de achar tantos tão bonitos quanto antes", comenta, enquanto arruma suas redes.
O que faz esse peixe ser tão especial?
- Cores vibrantes — parece pintado à mão
- Comportamento único — mais ativo que outras moréias
- Raridade — só existe nessa região específica
Os japoneses, claro, são os maiores entusiastas. "Eles pagam fortunas por exemplares perfeitos", revela um exportador que prefere não se identificar. "É como comprar um Picasso subaquático."
E o meio ambiente?
Aqui vem o dilema: com a crescente demanda, biólogos alertam para o risco de sobrepesca. "Temos que equilibrar economia e preservação", defende a bióloga marinha Dra. Ana Cláudia, que estuda a espécie há uma década.
Alguns criadores já estão tentando reproduzir a moréia-banana em cativeiro — mas, até agora, nada se compara aos exemplares selvagens. "É como comparar um diamante natural com um sintético", brinca um aquarista alemão.
Enquanto isso, nas águas mornas da Bahia, a moréia-banana continua sua vida, alheia ao status de celebridade que conquistou. Ironia do destino para um peixe que, até pouco tempo atrás, era praticamente invisível.