
Era uma noite como qualquer outra no litoral do Paraná — até que o oceano resolveu dar um show. De repente, as ondas começaram a brilhar com um azul eletrizante, como se alguém tivesse derramado estrelas líquidas na água. Não era magia (embora parecesse), mas um daqueles fenômenos que a natureza nos presenteia de vez em quando.
Banhistas que estavam na Praia de Matinhos — sim, esse paraíso tem nome e sobrenome — quase não acreditaram nos olhos. "Parecia que nadávamos em glitter", contou Adriano, um surfista que aproveitava o fim de tarde, quando a cena começou a se desenrolar. Celulares foram sacados às pressas, claro. Afinal, como não registrar um momento desses?
Ciência ou poesia?
Esse espetáculo luminoso tem explicação, mas nem por isso deixa de ser poético. Trata-se da bioluminescência, causada por microorganismos chamados dinoflagelados. Quando agitados — seja pelo movimento das ondas ou por alguém nadando —, eles emitem luz através de reações químicas. Natureza sendo natureza, misturando química e beleza sem pedir licença.
"Já vi várias vezes, mas nunca tão intenso como desta vez", relatou Maria, dona de uma barraca na orla há 15 anos. E ela tem razão: o fenômeno, comum em algumas regiões do mundo, é relativamente raro no sul do Brasil. Quando aparece, costuma ser discreto. Desta vez, porém, o mar parecia ter tomado uma dose extra de energia.
Um presente para os sentidos
Imagine só: água morna, céu estrelado e, de repente, cada movimento seu na água desenha riscos luminosos. Alguns banhistas compararam a sensação a "nadar no espaço sideral". Outros, mais pé no chão, brincaram que parecia "aquele enfeite de Natal que a gente coloca no quintal".
O espetáculo durou horas. Tempo suficiente para que famílias inteiras — sim, crianças acordadas além do horário nessa noite — pudessem testemunhar. Alguns se aventuraram a entrar no mar de noite só para ver de perto. Outros preferiram admirar da areia, como quem assiste a um filme ao ar livre. E que filme!
Se você perdeu, não se desespere. Fenômenos como esse costumam ocorrer entre dezembro e março, quando a água está mais quente. Quem sabe o mar não prepara outra surpresa antes do verão acabar? A natureza adora um bis.