
Não deu tempo. Apesar dos esforços de uma equipe especializada, um lobo-marinho encontrado em condições alarmantes na costa catarinense acabou sucumbindo às complicações de saúde. O animal — que parecia ter enfrentado uma verdadeira maratona de privações — chegou ao Centro de Reabilitação já com o organismo bastante debilitado.
"Quando o vi pela primeira vez, meu coração apertou", confessa um dos biólogos envolvidos no resgate, que prefere não se identificar. "A desidratação era visível nos olhos fundos, e as fezes endurecidas sugeriam semanas de má nutrição. Não é fácil testemunhar isso."
Uma batalha perdida contra o tempo
O drama começou quando banhistas avistaram o mamífero marinho — desses que normalmente vivem em águas geladas — arrastando-se com dificuldade pela areia da Praia de Itapirubá, no Sul do estado. Algo estava claramente errado.
- Primeiras 24 horas: Equipes aplicaram soro e tentaram hidratar o animal
- Desafio imprevisto: O sistema digestivo não reagia aos estímulos
- Último suspiro: Na madrugada do terceiro dia, o lobo-marinho não resistiu
Curiosamente — ou tragicamente —, esse não é um caso isolado. Só neste ano, o Projeto Lontra (responsável pelo resgate) já atendeu 12 ocorrências similares na região. "É como se o oceano estivesse devolvendo suas criaturas doentes", filosofa uma voluntária enquanto limpa os equipamentos usados na tentativa frustrada de salvamento.
O que leva um lobo-marinho a esse estado?
Especialistas apontam um cocktail perigoso de fatores:
- Mudanças nas correntes marinhas (obrigando animais a migrações exaustivas)
- Redução das fontes naturais de alimento
- Possível contaminação por resíduos humanos
"A gente fala muito do lixo visível — garrafas, redes de pesca abandonadas — mas esquece dos microplásticos que esses animais ingerem sem querer", alerta a veterinária Mariana Luz, enquanto mostra imagens de necropsias anteriores. "É uma morte lenta e silenciosa."
Agora, resta uma pergunta que não quer calar: até quando vamos tratar esses casos como "notícias corriqueiras" antes de acordarmos para o problema? O lobo-marinho de Itapirubá — que sequer teve tempo de ganhar um nome — virou estatística. Quantos mais precisarão morrer para virarmos o jogo?