Um cenário de angústia e insegurança se revela em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, após um jovem motorista de aplicativo ser vítima de violência enquanto trabalhava. Kaique de Souza Lima, de apenas 23 anos, foi baleado na noite de sexta-feira (25), levantando questões urgentes sobre a segurança de quem depende do trabalho noturno para sobreviver.
O ataque que poderia ter sido fatal
Por volta das 22h30, enquanto circulava pelo bairro Sítio Andrade, Kaique foi surpreendido por disparos. Dois tiros atingiram o veículo - um no vidro traseiro e outro na lataria. Por um milagre, apenas um projétil o atingiu, nas costas, mas sem causar danos graves.
"Ele me ligou chorando, dizendo que tinha levado um tiro", relata a mãe, Maria de Fátima de Souza, ainda abalada. "É um desespero que nenhuma mãe deveria sentir."
O dilema diário: sustento versus segurança
Maria de Fátima revela a dura realidade que sua família enfrenta: "Ele tem muito medo de trabalhar à noite, mas precisa. É a única renda que temos". A declaração expõe o cruel dilema vivido por milhares de trabalhadores em regiões violentas - escolher entre o sustento da família e a própria segurança.
O jovem, que também é pai, foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para o Hospital Municipal de Belford Roxo. Seu estado de saúde é estável, mas o trauma psicológico permanece.
Um padrão preocupante
Este não é um caso isolado na região. A Baixada Fluminense enfrenta historicamente altos índices de violência, afetando diretamente trabalhadores que dependem das ruas para seu sustento. Motoristas de aplicativo, entregadores e outros profissionais noturnos convivem diariamente com o risco.
"É uma situação que se repete com frequência alarmante", comenta Maria de Fátima. "Nossos jovens querem trabalhar, querem uma vida digna, mas precisam arriscar suas vidas para isso."
As consequências invisíveis
Além do trauma físico e emocional, famílias como a de Kaique enfrentam:
- Insegurança financeira durante a recuperação
- Trauma psicológico que pode afetar o retorno ao trabalho
- Medo constante de novos incidentes
- Dificuldade em conciliar necessidade e autopreservação
O caso ocorreu na Rua Alziro Zarur, uma via residencial que se transformou em palco de violência. A Polícia Civil investiga o incidente, mas até o momento não há informações sobre suspeitos ou motivação para o ataque.
Enquanto Kaique se recupera, sua história serve como um alerta sobre as condições de trabalho enfrentadas por milhares de brasileiros que, movidos pela necessidade, desafiam o perigo todas as noites.