Numa cena que parece saída de um filme de ação — mas infelizmente é a pura realidade —, um gari foi surpreendido por disparos enquanto trabalhava nas ruas de Belo Horizonte. O vídeo, que circula feito rastilho de pólvora nas redes, mostra o exato instante em que o homem leva o tiro e desaba no asfalto, deixando colegas e transeuntes em pânico.
O que as câmeras registraram
Segundos antes do crime, tudo parecia normal: o funcionário da limpeza urbana fazia seu serviço de sempre, varrendo calçadas num bairro residencial. De repente — sem aviso, sem motivo aparente —, o estampido seco de um disparo corta o ar. Ele leva as mãos à perna direita, cambaleia como um pião prestes a cair, e desmorona. A cena é de cortar o coração.
Os espectadores (porque hoje todos somos espectadores desse teatro macabro das câmeras de segurança) podem ver colegas correndo em desespero, alguns se agachando atrás de lixeiras, outros gritando por socorro. Um verdadeiro caos urbano, desses que viraram quase rotina nas grandes cidades.
Reação e socorro
Parece mentira, mas o pior não foi o tiro em si — foi a demora. Quase dois minutos se passaram até que alguém se aproximasse do homem ferido. Dois minutos que devem ter parecido uma eternidade para ele, sangrando ali no chão quente de BH. Quando finalmente chegaram os primeiros socorros, já havia uma pequena multidão ao redor, filmando com celulares (é claro).
A vítima — um trabalhador de meia-idade, segundo testemunhas — foi levada às pressas para um hospital da região. Pelas últimas informações, ele está estável, mas o susto ficou. E como ficou.
Perguntas sem resposta
Aqui vem o que mais revolta nesses casos: o «porquê». Por que atirar num gari? Era um alvo intencional ou bala perdida de algum acerto de contas? A polícia ainda não tem pistas concretas — e, entre nós, duvido que vá ter. Esse tipo de crime costuma virar estatística e cair no esquecimento.
Moradores da área contam que ouviram pelo menos três disparos, mas só um acertou o trabalhador. «Parecia rojão», disse uma senhora que preferiu não se identificar — medo, né? Quem não teria, depois de ver isso?
O lado humano da história
Enquanto as autoridades falam em «apurar os fatos» (sempre essa mesma frase decorada), o que fica é o drama de um homem que só queria ganhar seu salário no fim do mês. Sem holofotes, sem glamour — varrendo nossas ruas enquanto a maioria de nós ainda dormia.
E agora? Agora é esperar. Esperar que a justiça — essa justiça lenta, cansada, cheia de processos empilhados — faça seu trabalho. Ou pelo menos tente. Enquanto isso, o vídeo continua circulando, a indignação cresce, e a cidade segue sua vida, como se nada tivesse acontecido.
