Uma operação da Polícia Militar destinada a combater o tráfico de drogas no bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus, terminou de forma trágica na última terça-feira (28) com a morte de um suspeito. A versão oficial, no entanto, está sendo contestada por imagens gravadas por um morador da região.
De acordo com o relato inicial da PM, os policiais foram recebidos a tiros ao se aproximarem de uma residência suspeita. Eles teriam revidado a agressão, resultando na morte de um homem identificado como Francisco das Chagas Silva de Oliveira, de 37 anos.
Vídeo contradiz narrativa policial
Um vídeo obtido por um morador e analisado pelo G1 mostra cenas que parecem contradizer a versão apresentada pela polícia. Nas imagens, é possível ver Francisco saindo de casa com as mãos para cima, em atitude de rendição, momentos antes dos disparos.
As gravações não captaram o momento exato dos tiros, mas mostram a movimentação anterior ao episódio fatal. Testemunhas relataram à reportagem que o homem já estava rendido quando os policiais efetuaram os disparos.
Família busca respostas
Parentes de Francisco afirmam que ele não era envolvido com o tráfico de drogas e questionam a brutalidade da ação policial. Eles exigem apuração rigorosa dos fatos e justiça pelo ocorrido.
"Ele saiu de casa com as mãos para cima, se rendendo. Por que atiraram?", questiona uma familiar, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
Polícia mantém versão inicial
A Polícia Militar, por meio de nota, manteve sua versão dos acontecimentos, afirmando que os policiais foram atacados primeiro e apenas revidaram a agressão. A corporação destacou que uma arma de fogo e drogas foram apreendidas no local.
O caso agora será investigado pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), como determina o protocolo em casos de morte decorrente de ação policial. O Instituto Médico Legal (IML) fará a necropsia no corpo de Francisco para determinar as circunstâncias exatas da morte.
Este é mais um episódio que reacende o debate sobre o uso da força por parte das autoridades policiais em comunidades do Amazonas, levantando questionamentos sobre transparência e procedimentos operacionais padrão.