Justiça de SP absolve italiano de estupro e cárcere privado, mas condena por lesão corporal em caso que reacende debate sobre violência doméstica
Italiano absolvido de estupro, mas condenado por lesão corporal

Um caso que chegou aos tribunais paulistas reacendeu importantes discussões sobre violência doméstica e a análise de provas em processos judiciais. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu absolver um cidadão italiano dos crimes de estupro e cárcere privado contra sua ex-companheira, mas manteve a condenação por lesão corporal.

O desfecho judicial que modificou a sentença original

A Segunda Turma Criminal do TJ-SP reformou parcialmente a decisão de primeira instância que havia condenado o italiano por todos os crimes. Os desembargadores entenderam que não havia provas suficientes para caracterizar os crimes de estupro e cárcere privado, mas mantiveram a condenação por lesão corporal leve.

O caso remonta a 2021, quando o italiano foi denunciado pela ex-companheira por supostamente tê-la mantido em cárcere privado no apartamento onde moravam, na região dos Jardins, em São Paulo. A mulher alegou ainda ter sofrido agressões físicas e sexuais durante o relacionamento.

Análise das provas foi determinante

Os desembargadores destacaram em seu voto que as provas apresentadas não eram suficientes para comprovar a ocorrência dos crimes mais graves. No entanto, as lesões corporais foram devidamente comprovadas por meio de exames periciais, o que manteve essa condenação.

"A decisão do tribunal mostra como a análise técnica das provas pode modificar completamente o entendimento sobre um caso", explica um especialista em direito penal consultado sobre o caso.

Pena aplicada e consequências jurídicas

Pela lesão corporal, o italiano foi condenado a cumprir pena restritiva de direitos, que substitui a prisão. A sentença determina:

  • Prestação de serviços comunitários
  • Pagamento de cestas básicas
  • Monitoramento judicial durante o cumprimento da pena

O caso gerou repercussão entre organizações de defesa dos direitos das mulheres, que acompanharam atentamente o desfecho judicial. "Cada decisão sobre violência doméstica serve como parâmetro para futuros casos e para a evolução da jurisprudência nessa área", comentou uma representante de ONG que atua no acolhimento a vítimas.

O que diz a legislação brasileira

A Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) estabelece mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. O caso em questão mostra como os tribunais vêm aplicando a legislação, analisando cada situação concreta com base nas provas apresentadas.

Especialistas apontam que, embora a absolvição dos crimes mais graves tenha ocorrido, a manutenção da condenação por lesão corporal reforça o compromisso do Judiciário em punir atos de violência contra a mulher quando devidamente comprovados.

O caso segue como exemplo da complexidade envolvendo processos de violência doméstica, onde a produção de provas e o contraditório são fundamentais para a decisão final dos magistrados.