iFood é condenado a indenizar entregador do DF por falha racista em reconhecimento facial
iFood condenado por falha racista em reconhecimento facial

O iFood foi condenado pela Justiça do Distrito Federal a pagar R$ 15 mil em indenização por danos morais a um entregador que teve seu rosto rejeitado repetidamente pelo sistema de reconhecimento facial da plataforma. O caso, que ocorreu em 2022, ganhou repercussão ao expor falhas discriminatórias na tecnologia utilizada pela empresa.

O que aconteceu

O motoboy, contratado como PJ, precisava validar sua identidade diariamente através do aplicativo para poder trabalhar. Em diversas ocasiões, o sistema simplesmente não reconhecia seu rosto, alegando "falha na captura" ou "imagem fora dos padrões". O problema só era resolvido quando o entregador pedia para colegas brancos realizarem o reconhecimento por ele.

Falha técnica ou discriminação?

Especialistas ouvidos pelo caso afirmam que muitos sistemas de reconhecimento facial ainda apresentam dificuldades com tons de pele mais escuros, devido a bancos de imagens desbalanceados usados no treinamento dos algoritmos. O juiz destacou que a empresa falhou ao não corrigir o problema mesmo após diversas reclamações.

Impacto na vida do trabalhador

Além dos prejuízos financeiros por perder horas de trabalho tentando se identificar no app, o entregador relatou constrangimento e humilhação pela situação. "Eu me sentia um criminoso toda vez que o app rejeitava meu rosto", declarou em depoimento.

Decisão judicial

Na sentença, o juiz Carlos Eduardo Martins considerou que o iFood falhou em seu dever de fornecer um sistema igualitário e determinou o pagamento de indenização em 10 dias, sob pena de multa. A empresa ainda pode recorrer da decisão.

O que diz o iFood?

Procurada, a empresa afirmou que "repudia qualquer tipo de discriminação" e que está constantemente aprimorando suas tecnologias. No entanto, não comentou sobre possíveis medidas para evitar casos semelhantes no futuro.

Este caso reacende o debate sobre a regulamentação de tecnologias de reconhecimento facial e a responsabilidade das plataformas digitais em garantir igualdade de acesso a todos os trabalhadores.