O tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo começa a ser julgado nesta quarta-feira (12) pelo assassinato do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo. O crime ocorreu há três anos, em agosto de 2022, durante uma briga em uma casa noturna na Zona Sul de São Paulo.
O julgamento está marcado para iniciar às 10h no plenário 6 do Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista. A previsão do Tribunal de Justiça é que o júri popular se estenda até sexta-feira (14), quando sete jurados decidirão o destino do acusado.
Os detalhes do crime
O episódio fatal aconteceu no dia 7 de agosto de 2022 durante um show do grupo Pixote no Clube Sírio. Henrique Velozo estava de folga e sem uniforme quando se envolveu em uma discussão com o lutador Leandro Lo, que tinha 33 anos na época.
Conforme a acusação do Ministério Público, o policial militar atingiu o atleta com um tiro na cabeça após a discussão evoluir para uma briga física. Leandro Lo foi socorrido e levado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
O tenente fugiu do local e foi preso posteriormente. Atualmente, ele cumpre prisão preventiva no presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo.
Acusação e defesa apresentam versões conflitantes
O Ministério Público acusa Henrique Velozo de homicídio doloso triplamente qualificado por motivo torpe, perigo comum (por colocar outras pessoas em risco) e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. A Promotoria espera uma condenação de pelo menos 20 anos de prisão.
Já a defesa, liderada pelo advogado Claudio Dalledone Júnior, sustenta que o policial agiu em legítima defesa. "Naquele dia ele foi provocado, atacado e reagiu. Ele não executou ninguém", afirmou o defensor, que busca a absolvição do cliente.
Durante o julgamento, serão ouvidas nove testemunhas, tanto da acusação quanto da defesa. Após os depoimentos, ocorrerá o interrogatório do réu e os debates entre as partes.
Reintegração controversa e vídeos com IA
Um aspecto que chamou atenção no caso foi a reintegração de Henrique Velozo à Polícia Militar em outubro deste ano. A Justiça comum anulou a decisão do governo de São Paulo que havia demitido o PM, determinando que ele voltasse a receber seu salário mensal de mais de R$ 14 mil.
Outro elemento peculiar do processo são os vídeos produzidos por inteligência artificial que ambas as partes pretendem exibir durante o julgamento. Os assistentes de acusação, representando a família de Leandro Lo, criaram uma simulação que mostra o policial atirando no lutador e depois chutando sua cabeça quando ele já estava caído no chão.
A defesa também preparou uma animação com sua versão dos fatos, mostrando Leandro Lo aplicando um "mata-leão" no PM até ele perder a consciência, e depois avançando em direção ao policial quando a arma disparou acidentalmente.
O caso ganhou grande repercussão nacional não apenas pela violência, mas também pelo perfil da vítima: Leandro Lo era um dos maiores nomes do jiu-jítsu brasileiro, com oito títulos mundiais conquistados entre 2012 e 2022.