Suspeito de feminicídio em trilha é acusado de estupro a idosa em 2022
Preso por morte em trilha é suspeito de estupro a idosa

A Polícia Civil confirmou nesta segunda-feira (24) que o homem preso pelo feminicídio da professora Catarina Kasten, na trilha do Matadeiro em Florianópolis, também é apontado como suspeito de estuprar uma idosa de 69 anos dentro da própria residência em 2022.

Ligação entre os crimes

Giovane Correa Mayer, de 21 anos, foi preso na sexta-feira (21) por violentar sexualmente e matar a professora de inglês e estudante universitária durante uma trilha no Sul da capital catarinense. A descoberta da conexão entre os dois casos levou a Polícia Civil a reabrir o inquérito de três anos atrás.

No caso de 2022, Giovane tinha 17 anos na época e atuava como ajudante de jardinagem na casa da vítima idosa. Curiosamente, ele prestou depoimento como testemunha no inquérito original, que foi concluído somente em julho deste ano sem apontar culpados.

Os detalhes do crime de 2022

De acordo com o boletim de ocorrência do estupro ocorrido em 4 de janeiro de 2022, a vítima relatou que por volta das 17h30 "sentiu algo escuro em seu pescoço" e foi atacada por trás, sendo sufocada possivelmente com uma corda.

A idosa afirmou que não conseguiu ver o autor em nenhum momento durante a violência, mas notou que a perna do criminoso era branca e com poucos pelos. Ela também reconheceu uma voz masculina jovem e disse que o agressor ordenou que ela não olhasse para trás.

Em seu depoimento como testemunha, Giovane afirmou ter ido à casa da vítima no bairro Açores para trabalhar com o jardineiro responsável pelo corte de grama. Ele disse não ter notado nenhuma movimentação suspeita no local e que, após o serviço por volta das 16h30, foi para casa tomar banho e depois pegou um ônibus para ir à residência da então namorada.

Falha na investigação inicial

O inquérito do caso de estupro foi concluído em julho de 2025 com um relatório que afirmava: "após oitivas de testemunhas e do levantamento da ficha de alguns suspeitos, em que pese todos os esforços, os investigadores desta unidade policial não obtiveram êxito seja em descobrir a autoria do ocorrido".

Os fragmentos e provas coletadas no local do crime foram inseridos no Banco Nacional de Dados para possível compatibilidade com outros casos futuros - o que agora se mostrou crucial para conectar os dois crimes.

Revelação na audiência de custódia

Na audiência de custódia que manteve a prisão de Giovane no último sábado, o promotor do Ministério Público perguntou diretamente se ele havia respondido algum processo quando era menor de idade. O acusado respondeu que foi testemunha do crime em 2022 e que não sabia o que aconteceu com a vítima.

Giovane é natural de Viamão, no Rio Grande do Sul, e mora na região de Florianópolis desde 2019 com familiares. Segundo a Polícia Militar, ele costumava passar pela trilha onde teria matado a professora Catarina.

Homenagem à vítima do feminicídio

Catarina Kasten, de 31 anos, era estudante de pós-graduação em Estudos Linguísticos e Literários na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Formada em Letras-Inglês em 2022, ela já fazia planos para ingressar no Doutorado, segundo amigos próximos.

Antes de estudar letras na UFSC, Catarina foi aluna da Engenharia de Produção, onde integrou o Centro Acadêmico Livre de Engenharia de Produção (CALIPRO). A universidade emitiu nota lamentando a morte e repudiando qualquer forma de violência contra mulheres.

Um ato público foi realizado no sábado (22) em memória da pesquisadora, próximo à trilha onde ela foi encontrada morta. A manifestação também pediu mais segurança para mulheres em Florianópolis.

A Defensoria Pública, responsável pela defesa de Giovane Correa Mayer, emitiu nota afirmando que garante atendimento jurídico integral e gratuito a todas as pessoas que não possuem advogado constituído, respeitando os direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal.