Prisão de Bolsonaro une Carlos e Michelle e trava sucessão para 2026
Prisão de Bolsonaro une família e trava sucessão

A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal desencadeou uma reaproximação inédita entre o vereador Carlos Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os dois, que mantinham uma relação conturbada durante o governo, agora demonstram publicamente uma parceria sólida em meio à crise familiar.

Reunião estratégica define novos rumos

Dois dias após a prisão do ex-presidente, familiares de Bolsonaro se reuniram por mais de três horas com a cúpula do PL e diversos parlamentares. O objetivo era unificar o discurso e definir os próximos passos diante da nova realidade.

Do encontro surgiram duas ações imediatas: a indicação do senador Flávio Bolsonaro como principal porta-voz do pai, encarregado de pressionar pela aprovação do projeto de anistia no Congresso, e a demonstração pública de união partidária, que inclui a reaproximação entre Carlos e Michelle.

Da discórdia à parceria solidária

Nos bastidores, a reconciliação entre Carlos Bolsonaro e Michelle tem sido emocionante. Em conversas a portas fechadas, os dois choraram e se consolaram ao comentar a situação de saúde do ex-presidente. A ex-primeira-dama passa as noites atenta aos soluços do marido, enquanto Carlos dorme ao lado do pai durante a ausência de Michelle.

O vereador não poupa elogios à madrasta: "Ela está sendo mãezona mesmo. A Michelle está preocupada em levar o alimento, está cozinhando e a comida dela é muito boa. A gente está trocando WhatsApp sobre situações e outras coisas - ela preocupada comigo, e eu preocupado com ela. A gente está tendo um diálogo bom para caramba. Ela está sendo uma rocha", declarou Carlos à VEJA.

O cenário atual contrasta radicalmente com o passado recente. Em entrevista em março deste ano, Michelle admitira manter uma relação difícil com o "Filho Zero Dois" e disse que eles sequer conversavam. "Ele tem a verdade dele, eu tenho a minha verdade. Não desejo nenhum mal, mas é uma pessoa que eu não quero conviver", afirmara na época.

Durante o mandato presidencial do marido, Carlos não era bem-vindo no Palácio da Alvorada e costumava visitar o pai apenas na ausência da então primeira-dama.

Sucessão política adiada

No clã Bolsonaro, a ordem é manter a eleição presidencial de 2026 como assunto intocável no curto prazo. Enquanto ainda afirmam acreditar na possibilidade de candidatura do ex-capitão - que além de preso está inelegível -, familiares argumentam que qualquer gesto de passar o bastão significaria o esquecimento do ex-presidente.

Carlos Bolsonaro foi enfático: "É uma tortura, um passo a mais que deram para que ele abra o bico antes. O Bolsonaro tem um poder gigantesco, o eleitorado está com ele, e querem tomar isso. Quando o fizerem, do jeito que as maldades acontecem, ele morre na cadeia".

A decisão familiar vai na contramão da estratégia desenhada por líderes do Centrão, que pressionam para que Bolsonaro anuncie ainda neste ano o herdeiro de seu espólio político, permitindo o início dos trabalhos para a candidatura do adversário de Lula na próxima disputa.

Irritados com a pressão, os representantes do clã ameaçam lançar um deles como candidato à Presidência. O senador Flávio Bolsonaro é o nome mais citado dentro da família como possível candidato presidencial, embora a decisão final tenha sido adiada para 2026.