Operador de venda de sentenças do STJ volta para prisão após decisão de Zanin
Operador de esquema no STJ volta para prisão

Pivô de esquema de venda de sentenças retorna ao cárcere

O empresário Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como operador central de um esquema de venda de sentenças que teria envolvido gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), voltou a ser preso nesta quarta-feira, 12 de novembro de 2025. A determinação partiu do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A Polícia Federal executou o mandado de prisão, encerrando assim o período de prisão domiciliar que o empresário cumpria desde julho devido ao seu estado crítico de saúde. Andreson Gonçalves agora aguarda audiência de custódia para definição do estabelecimento prisional onde ficará detido.

Trajetória prisional e saúde debilitada

Antes da prisão domiciliar, o empresário ficou detido por oito meses em Cuiabá, onde sua saúde se deteriorou significativamente. Durante esse período, ele perdeu mais de 25 quilos e desenvolveu um quadro avançado de diabetes que exigiu intervenção médica constante.

A decisão pela prisão domiciliar em julho foi tomada com base em laudos médicos que atestavam a gravidade de seu estado de saúde. No entanto, uma nova avaliação médica realizada recentemente levou a PGR a solicitar o retorno do empresário ao sistema prisional comum, pedido que foi acatado pelo ministro Zanin.

Reação da defesa e contestação médica

A defesa de Andreson Gonçalves reagiu com veemência à decisão, classificando-a como "surpreendente e sem fundamento". Os advogados argumentam que houve desconsideração de laudos médicos oficiais, incluindo documento do Instituto Médico Legal que confirmava diagnóstico de neuropatia diabética.

"O cara passa oito meses na cadeia, perde 25 quilos, tem diagnóstico médico de neuropatia diabética, confirmada pelo Instituto Médico Legal", afirmaram os defensores. Eles questionaram a validade de uma avaliação médica de "50 minutos" realizada por dois policiais médicos na residência do empresário, em contraste com exames de imagem e outros procedimentos médicos já realizados.

Esquema milionário de influência no Judiciário

As investigações revelaram a existência de um sofisticado esquema de mercado paralelo de influência dentro do Poder Judiciário. De acordo com as apurações, contratos milionários de advocacia ou consultoria eram firmados com o objetivo único de assegurar decisões previamente combinadas, substituindo a efetiva atuação técnico-jurídica nos processos.

O relatório da Polícia Federal descreve uma rede complexa de intermediários, operadores e servidores concebida especificamente para manipular e direcionar decisões não apenas do STJ, mas também de outros tribunais. A operação envolveria servidores públicos ligados a gabinetes, advogados, empresários e lobistas atuando de forma coordenada.

As primeiras denúncias sobre o esquema vieram à tona através de reportagem da revista Piauí e foram posteriormente confirmadas pela coluna Radar, da Veja. O caso continua sob investigação e novas delações e desdobramentos são esperados nas próximas semanas.