Um embate político tomou conta da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 11 de novembro de 2025, envolvendo as negociações do Projeto de Lei Antifacção. O líder do governo, José Guimarães, rebateu publicamente as declarações do relator da matéria, Guilherme Derrite, revelando que as conversas ocorreram através do presidente da Casa, Hugo Motta.
O início da controvérsia
Mais cedo, o deputado Guilherme Derrite, responsável pelo relatório do PL Antifacção, havia afirmado que não foi procurado por nenhum integrante do Executivo federal para discutir ajustes no texto da proposta. A declaração causou surpresa, uma vez que o parlamentar havia feito concessões que atendiam aos pleitos do governo Lula.
Derrite defendeu suas posições, argumentando que as mudanças foram estratégicas e negou qualquer recuo em seu posicionamento original. O relator destacou ainda que estava "100% em condições para realizar o diálogo", mas manteve que não houve qualquer abordagem direta por parte do governo.
A resposta de Guimarães
Minutos após as declarações do relator, o líder do governo na Câmara, José Guimarães, saiu em defesa do Executivo. Em resposta contundente, Guimarães revelou que as negociações foram conduzidas com o presidente da Câmara, Hugo Motta, a quem classificou como "fiador" do entendimento.
"Passei o dia conversando com Motta. Ele conversou com a ministra Gleisi Hoffmann buscando um entendimento em questões centrais. Elas atendidas, é uma vitória", explicou Guimarães em sua argumentação.
O papel de Hugo Motta nas negociações
Segundo o líder do governo, foi o próprio presidente da Câmara quem garantiu os pontos fundamentais para o governo durante um telefonema no sábado anterior. Guimarães foi enfático ao questionar a necessidade de negociar com outras figuras:
"E como foi o presidente Hugo Motta o fiador de tudo, foi ele quem indicou, foi ele quem disse pro Lula que ia garantir aquilo que era fundamental para o governo no telefonema de sábado. Negociar mais com quem? Com o padrinho, que tava comandando as negociações", argumentou.
As revelações de Guimarães colocam em nova perspectiva as alegações de Derrite sobre a falta de comunicação com o Executivo, sugerindo que as tratativas ocorreram em um nível hierárquico superior.
Consequências e próximos passos
O desencontro de versões expõe as tensões envolvendo a tramitação do PL Antifacção no Congresso Nacional. Enquanto Derrite mantém sua posição de independência nas decisões, Guimarães insiste que houve sim negociação, ainda que por vias indiretas.
O episódio ocorre em um contexto delicado para o governo, que busca avançar com sua agenda legislativa. A situação também chama atenção para o papel de Hugo Motta como intermediário em negociações sensíveis entre o Executivo e o Legislativo.
Com as posições agora publicamente estabelecidas, espera-se que as próximas horas tragam novos desenvolvimentos sobre o andamento do PL Antifacção na Câmara dos Deputados.