PF investiga governador afastado do TO por embaraço a operação da Covid-19
Governador do TO suspeito de atrapalhar investigação da PF

PF desencadeia Operação Nêmesis contra suspeitos de obstruir investigação

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (12) a Operação Nêmesis, que investiga a possível prática de embaraço às investigações sobre desvio de recursos públicos destinados ao combate à Covid-19 no Tocantins. O alvo principal é o governador afastado Wanderlei Barbosa e seus aliados, suspeitos de tentarem dificultar o trabalho dos investigadores.

Visita suspeita horas antes da operação

De acordo com as investigações, na noite do dia 2 de setembro de 2025, o ex-secretário de Parcerias e Investimentos Thomas Jefferson Gonçalves teria visitado pessoalmente a residência do governador para alertá-lo sobre a iminente Operação Fames-19, que ocorreria 19 horas depois. As câmeras de segurança registraram a presença do ex-secretário no local por volta das 23h07.

Após a visita de Thomas Jefferson, o casal Wanderlei Barbosa e Karynne Sotero deixou a residência às pressas junto com a filha da primeira-dama. Eles abandonaram o local deixando para trás um cofre aberto e vazio, comida sobre a mesa, uma televisão ligada e um celular que, segundo a PF, foi resetado.

Rastro digital revela fuga para fazenda

A Polícia Federal conseguiu rastrear o deslocamento do governador e sua família através das conexões de Wi-Fi do telefone de Wanderlei Barbosa. Os dados mostram que:

  • Às 23h49 do dia 2 de setembro, o telefone desconectou da rede Wi-Fi da casa
  • Em seguida, conectou-se ao Wi-Fi do carro usado no deslocamento
  • Por volta de 1h16 do dia 3 de setembro, o celular conectou à rede Wi-Fi nomeada 'SantaHelena' da fazenda

Segundo a investigação, policiais militares que faziam a segurança do local atuaram ativamente para despistar e encobrir a movimentação realizada no ambiente na véspera da operação policial.

Defesas negam as acusações

A defesa de Thomas Jefferson informou que o ex-secretário "nunca trabalhou para causar qualquer embaraço às investigações" e que sua atuação junto ao governador se deu apenas na condição de secretário de Estado.

Já a assessoria do governador afastado afirmou que ele "recebeu com estranheza mais uma operação da Polícia Federal" enquanto aguarda julgamento de recurso no Supremo Tribunal Federal, mas reiterou sua disponibilidade para colaborar com as investigações.

A primeira-dama Karynne Sotero repudiou as acusações, classificando-as como "infundadas", e lamentou a tentativa de intimidação contra seus familiares, incluindo sua mãe, uma senhora de mais de 75 anos que precisou ser hospitalizada.

Operação investiga desvios milionários

A Operação Nêmesis foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça e apura o possível embaraço à investigação de desvio de recursos públicos da Covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para compra de cestas básicas durante a pandemia.

Nesta quarta-feira, a PF cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins. Wanderlei Barbosa e Karynne Sotero foram afastados dos cargos no dia 3 de setembro de 2025 por decisão do ministro Mauro Campbell, do STJ, posteriormente referendada pela Corte Especial do órgão.

Os dois são suspeitos de desvios de recursos públicos realizados em 2020 e 2021, período crítico da pandemia de Covid-19, quando foi declarado estado de emergência em saúde pública no país.