Um dos depoimentos mais aguardados da CPMI dos Atos Golpistas revelou detalhes alarmantes sobre um suposto esquema de desvio de recursos que teria movimentado aproximadamente R$ 12 milhões dos cofres públicos. O ex-diretor do INSS Leonardo Pio da Silva Romero e sua esposa, Daniela Pio, foram ouvidos pela comissão nesta quarta-feira, colocando sob os holofotes uma teia de contratos suspeitos e relações empresariais que intrigam os investigadores.
O núcleo das investigações
As atenções se concentram na empresa D'Liderança Assessoria e Consultoria Empresarial, pertencente a Daniela Pio. Documentos apresentados à CPI mostram que a companhia recebeu impressionantes R$ 12 milhões do INSS entre 2020 e 2022, período exato em que Leonardo Pio ocupava o cargo de diretor de Benefícios do instituto.
Contratos sob suspeita
Os valores foram pagos através de 15 contratos distintos, todos firmados sem licitação, utilizando o argumento de dispensa por inexigibilidade. A empresa de Daniela era responsável por oferecer cursos e treinamentos para servidores do INSS, porém as investigações apontam graves irregularidades:
- Contratações diretas sem processo competitivo
- Valores considerados superfaturados pelos peritos
- Possível uso de "laranjas" para ocultar o controle real da empresa
As defesas e as contradições
Durante o depoimento, o casal apresentou versões que, segundo parlamentares, não conseguiram esclarecer todas as dúvidas dos investigadores. Leonardo Pio afirmou que não havia qualquer irregularidade nas contratações, enquanto Daniela defendeu a idoneidade de sua empresa e a qualidade dos serviços prestados.
Entretanto, os parlamentares identificaram várias inconsistências:
- A empresa tinha capacidade operacional limitada para justificar contratos milionários
- Há indícios de que funcionários do INSS teriam sido "emprestados" para trabalhar na D'Liderança
- O faturamento da empresa cresceu exponencialmente durante a gestão do marido
O papel da CPMI
A comissão parlamentar busca entender se os recursos desviados poderiam ter financiado grupos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Embora ainda não haja provas concretas desse elo, as investigações sobre a origem e destino do dinheiro continuam a todo vapor.
"Estamos diante de um caso clássico de conflito de interesses e possível enriquecimento ilícito. Os indícios são fortes e merecem apuração profunda", afirmou um dos integrantes da CPI que preferiu não se identificar.
Próximos passos
As investigações devem se aprofundar nas movimentações financeiras da empresa e na relação entre os contratos do INSS e o aumento patrimonial do casal. Novos depoimentos e quebras de sigilo bancário estão sendo planejados para as próximas semanas.