
O clima em Brasília está pesado, e não é só por causa do calor de 35 graus. O deputado federal Dimas Gadelha (PP-SE) resolveu botar a boca no trombone — e fez barulho. Ele formalizou um pedido nada modesto ao Tribunal de Contas da União: que investiguem, e rápido, o destino de R$ 3,6 milhões em emendas parlamentares que ele mesmo destinou a uma ONG carioca.
Parece ironia, não? O próprio autor do repasse quer saber onde o dinheiro foi parar. Mas na política, meus amigos, as coisas raramente são simples.
O que diabos está acontecendo?
A história começa — ou melhor, explode — quando a tal organização, chamada Instituto de Pesquisa, Ensino e Planejamento (IPEP), recebeu essa grana toda entre 2021 e 2022. A verba saiu do bolso dos contribuintes, é claro, através das emendas de relator-geral do Orçamento.
Dimas, que na época era relator, destinou os recursos. Só que agora, pasmem, ele alega que não tinha controle sobre para quem o dinheiro estava indo. Soa estranho? Pois é.
O deputado fala — e a justificativa é no mínimo curiosa
"Preciso de clareza absoluta sobre essa operação", disse Gadelha, com aquela cara de poucos amigos que políticos usam quando a coisa fica feia. "Como relator, eu indicava valores globais, mas a escolha final dos beneficiários? Essa ficava com os líderes partidários."
Traduzindo: "Eu liberei o dinheiro, mas não fui eu quem escolhi quem iria receber". Conveniente, não?
O IPEP, sediada no Rio, era presidida por ninguém menos que Jocélia Andrade — que, coincidência ou não, é esposa do ex-deputado Rodrigo de Castro. E adivinhem? Castro era líder do PSDB na época dos repasses. O mundo dá voltas, mas a política dá piruetas.
E o TCU nessa história toda?
O pedido de Gadelha chegou às mãos do ministro Bruno Dantas, que agora tem a batata quente na mão. A solicitação é direta: apurem se houve irregularidades nos repasses, verifiquem a aplicação dos recursos e, principalmente, descubram se o dinheiro foi usado para o que deveria.
O timing não poderia ser pior — ou melhor, dependendo de que lado você está. O caso emerge justamente quando o TCU já analisa outras transferências suspeitas para a mesma ONG. Parece que o IPEP estava nadando em dinheiro público.
Os números que impressionam — e assustam
- R$ 3,6 milhões em apenas dois anos
- Recursos vindos de múltiplas emendas parlamentares
- Dinheiro destinado a projetos de pesquisa e capacitação
- Suspeitas sobre a real execução desses projetos
E pensar que tudo isso aconteceu enquanto o brasileiro comum lutava para pagar as contas no pós-pandemia. A vida é mesmo injusta.
E agora, José?
O caso escancara — de novo — as brechas no sistema de emendas parlamentares. Todo mundo joga a culpa em todo mundo, o dinheiro some e no final quem paga o pato é sempre o mesmo: o contribuinte.
Gadelha se diz "vítima do sistema". O IPEP se mantém quieto. E os líderes partidários da época? Esses sumiram do mapa.
Enquanto isso, no TCU, os técnicos devem estar com dor de cabeça. Mais uma investigação complexa, mais um escândalo, mais uma promessa de transparência. O Brasil parece um disco riscado — sempre a mesma música, só mudam os cantores.
Uma coisa é certa: essa história ainda vai dar muito pano pra manga. E o pior — ou o melhor — é que nem precisamos de novela das nove. A política brasileira já nos fornece drama suficiente.