A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está se tornando um verdadeiro teatro da incompetência perante os olhos dos brasileiros. O que prometia ser uma investigação séria sobre desvios bilionários na Previdência Social agora se transforma em um espetáculo constrangedor que mancha a imagem do Parlamento.
Depoimentos superficiais e falta de profundidade
Os trabalhos da comissão têm sido marcados por interrogatórios rasos e perguntas desconexas que pouco contribuem para o avanço das investigações. Parlamentares parecem mais interessados em aparecer na mídia do que em buscar respostas concretas para os graves problemas que afetam milhões de segurados do INSS.
Especialistas apontam que a falta de preparo técnico dos deputados e senadores durante os depoimentos evidencia o caráter mais político do que investigativo da comissão. Em vez de focar nas evidências de corrupção e nos mecanismos das fraudes, as sessões frequentemente se perdem em questões secundárias.
Vítimas reais são esquecidas
Enquanto os parlamentares se digladiam em busca de holofotes, milhares de brasileiros que foram vítimas de golpes no INSS continuam esperando por justiça. Idosos, pessoas com deficiência e trabalhadores que tiveram seus benefícios cortados ou negados irregularmente assistem perplexos ao espetáculo midiático que deveria resolver seus problemas.
A tragédia humana por trás das fraudes parece ter se perdido completamente no meio dos jogos de interesse político. As reais vítimas do sistema tornaram-se meras estatísticas em um debate que privilegia a exposição pessoal sobre a solução de problemas.
Oportunidade histórica sendo desperdiçada
Esta CPMI representava uma chance única de limpar um dos setores mais sensíveis da administração pública brasileira. Com relatos de esquemas bilionários que desviam recursos da Previdência, a sociedade esperava uma atuação firme e competente dos seus representantes.
No entanto, o que se vê é uma sucessão de oportunidades perdidas:
- Falta de planejamento estratégico nas investigações
- Perguntas desconexas durante depoimentos importantes
- Priorização do espetáculo midiático sobre o trabalho técnico
- Divulgação prematura de informações sem confirmação
- Desvio do foco principal para questões secundárias
Credibilidade do Congresso em jogo
Cada sessão desastrosa da CPMI do INSS corrói um pouco mais a já combalida credibilidade do Poder Legislativo brasileiro. A população, cansada de escândalos e má gestão, assiste com descrença a mais um capítulo da ineficiência parlamentar.
O momento exige seriedade e compromisso com o interesse público. Os parlamentares precisam lembrar que representam os cidadãos brasileiros e não seus próprios interesses políticos ou eleitoreiros. A continuar neste caminho, a CPMI do INSS entrará para a história como mais um exemplo do que não fazer em uma investigação parlamentar.
A bola agora está com os membros da comissão, que têm a oportunidade de reverter este quadro e demonstrar que o Parlamento é capaz de conduzir investigações sérias em prol da sociedade. O tempo dirá se conseguirão superar as vaidades pessoais em benefício do país.
