Bolsonaro revela surto por medicamentos em audiência de custódia
Bolsonaro tem surto por medicamentos em audiência

Audiência de custódia revela detalhes sobre estado de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro participou de uma audiência de custódia neste domingo (23), onde fez revelações surpreendentes sobre seu estado de saúde mental. Durante o procedimento, Bolsonaro admitiu que teve um surto e experimentou "certa paranoia" na madrugada de sexta-feira (21) para sábado (22).

Tentativa de violar tornozeleira eletrônica

Segundo a ata da audiência, protocolada pela juíza auxiliar Luciana Sorrentino, Bolsonaro afirmou que estava com alucinação de que havia uma escuta na tornozeleira. Foi nesse contexto que ele tentou abrir a tampa do dispositivo eletrônico utilizando um ferro de solda.

O ex-presidente explicou que possui curso de operação desse tipo de equipamento e que agiu por volta da meia-noite. No entanto, depois "caiu na razão" e parou de usar a solda, momento em que se comunicou com os agentes de custódia.

Medicamentos como causa do episódio

Bolsonaro atribuiu o comportamento incomum aos medicamentos que tem tomado, receitados por médicos diferentes. Ele afirmou que começou a tomar um dos remédios cerca de quatro dias antes dos fatos que levaram à sua prisão preventiva.

O ex-presidente também mencionou que tem o sono "picado" e não dorme direito. Ele garantiu que não se lembra de ter um surto dessa natureza em outra ocasião e sugeriu que o episódio pode ter sido provocado por um medicamento novo.

Decisão judicial mantém prisão

Durante a audiência de custódia, ficou decidido que Bolsonaro permanecerá preso, considerando que todos os procedimentos da Polícia Federal foram cumpridos de forma adequada. A violação ao dispositivo eletrônico foi um dos motivos que levou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a decretar a prisão preventiva.

O ex-presidente negou qualquer tentativa de fuga, outro argumento utilizado por Moraes para determinar a detenção. Caso os ministros decidam referendar a decisão de Moraes, a prisão preventiva poderá ser mantida por tempo indeterminado, enquanto a Justiça entender necessária.

Por lei, as prisões preventivas são reavaliadas a cada 90 dias. Além da prisão, Moraes determinou que Bolsonaro terá atendimento médico integral na PF e que o STF terá que autorizar previamente qualquer visita, exceto de advogados e equipe médica.

Contexto da condenação

Vale destacar que Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses pela tentativa de golpe, mas não é por essa condenação que está preso atualmente, já que o prazo para a defesa recorrer ainda não acabou.

Os advogados de Bolsonaro e outros seis aliados, condenados pela trama golpista, têm até esta segunda-feira (24) para apresentar novos recursos sobre as penas estabelecidas contra os réus. Como a condenação do ex-presidente é superior a oito anos, ele deverá iniciar a execução da pena em regime fechado.

A audiência de custódia terminou por volta das 12h40, horário em que advogados deixaram a Superintendência da PF em Brasília, segundo registrou a TV Globo. O procedimento é obrigatório para verificar se a prisão foi realizada dentro da legalidade e se houve respeito aos direitos fundamentais do detido.