Um promotor de Justiça que integra a lista de alvos de execução do Primeiro Comando da Capital (PCC) fez um alerta dramático sobre a situação da segurança pública no país. Em entrevista exclusiva, o profissional revelou que planeja deixar o Brasil após se aposentar devido às constantes ameaças de morte.
Vida sob proteção permanente
O promotor, que preferiu não ser identificado por questões de segurança, vive há anos sob esquema especial de proteção. "Minha rotina é completamente diferente da de um cidadão comum", confessou. "Não frequento os mesmos lugares, não mantenho uma rotina previsível e vivo sempre alerta".
O profissional integra uma lista de alvos do PCC desde que atuou em operações contra a facção criminosa. Mesmo após anos dessas operações, as ameaças permanecem ativas e constantes.
O preço da luta contra o crime organizado
O promotor descreveu o custo pessoal e profissional de combater o crime organizado:
- Proteção 24 horas: necessidade de escolta armada permanente
- Restrições de locomoção: impossibilidade de frequentar lugares públicos
- Isolamento social: dificuldade em manter relacionamentos
- Impacto familiar: preocupação constante com a segurança da família
Alerta sobre a falência do Estado
O que mais preocupa o promotor é o significado simbólico de sua possível saída do país. "Se um agente do Estado, que cumpriu seu dever, precisa se exilar após a aposentadoria, isso representa a falência do Estado Democrático de Direito", afirmou.
Ele explicou que a situação vai além de sua segurança pessoal: "Não se trata apenas do meu medo, mas do que isso representa para todos os operadores do sistema de justiça. Se não podemos garantir a segurança daqueles que combatem o crime, que mensagem estamos passando?"
O futuro incerto
Com a aposentadoria se aproximando, o promotor enfrenta um dilema: permanecer no Brasil e correr riscos ou recomeçar a vida em outro país. "É uma escolha entre minha segurança e meu amor pelo país", desabafou.
O caso expõe uma realidade preocupante para muitos profissionais do sistema de justiça que atuam no combate ao crime organizado. A necessidade de proteção permanente e a perspectiva de exílio após anos de serviço público levantam questões fundamentais sobre a eficácia das políticas de segurança.
"Precisamos refletir sobre que país estamos construindo quando aqueles que defendem a lei precisam fugir para sobreviver", finalizou o promotor, deixando um questionamento que ecoa além das paredes do Ministério Público.