Expansão nacional do Comando Vermelho
O Comando Vermelho, facção criminosa criada nos anos 1970 no Rio de Janeiro, consolidou sua presença em pelo menos 22 estados brasileiros, segundo revela o Relatório do Mapa de Orcrim 2024 do Ministério da Justiça. A organização expandiu suas atividades para além do tráfico de drogas, implementando um sistema de dominação territorial que inclui extorsão, controle de serviços públicos e monitoramento de comunidades.
Domínio estratégico em grandes centros
Em Salvador, a chegada do CV há cinco anos foi marcada por fogos de artifício em 2020 anunciando o controle sobre o Nordeste de Amaralina, complexo de quatro bairros com aproximadamente 70 mil habitantes. A região, próxima a áreas nobres da capital baiana, tornou-se quartel-general da facção, que se espalhou por outros bairros como Periperi, Vila Verde, Mussurunga, Engomadeira, Gamboa e Liberdade.
No Rio de Janeiro, o Comando Vermelho mantém bases estratégicas nos complexos da Penha, Alemão, Maré e Salgueiro. A Maré, com suas 16 favelas, é considerada vital para o escoamento de armas por cortar importantes vias como Linha Amarela, Linha Vermelha e Avenida Brasil, além de ter acesso à Baía de Guanabara.
Comunidades sob controle criminoso
A Rocinha, na zona sul do Rio, funciona como reduto de fuga para lideranças do tráfico. Com densidade populacional estimada em 119 mil habitantes por quilômetro quadrado - uma das maiores do mundo - e topografia íngreme, a comunidade apresenta desafios logísticos para operações policiais.
Nos últimos dois anos, o CV assumiu o controle de pelo menos dez comunidades na nova zona sudoeste carioca, criando o que a polícia classifica como "cinturão territorial" com rotas de fuga pela Floresta da Tijuca.
Consequências e resposta do poder público
A disputa territorial entre facções pressionou comunidades e aumentou o número de mortes violentas em Salvador. Na última terça-feira (4), uma operação policial na Liberdade resultou na prisão de 37 pessoas e na morte de um suspeito.
Marcelo Werner, secretário de Segurança Pública da Bahia, afirmou: "Essas facções violentam a nossa sociedade, muitas comunidades que se sentem ameaçadas. Por isso a gente vem realizando operações justamente para evitar que haja estabelecimento de barricadas e videomonitoramento".
Já o coronel Antônio Carlos Silva Magalhães, comandante-geral da PM baiana, garantiu que "criminosos que tentarem enfrentar o estado terão resposta com força correspondente".
Pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que 19% da população brasileira - aproximadamente 28,5 milhões de pessoas - convive com a presença do crime organizado em seus bairros.