Em entrevista exclusiva, o ex-governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, apresentou uma proposta ousada para revolucionar o combate ao crime organizado no Brasil. O político defende que o governo federal assuma o protagonismo absoluto nessa guerra, com uma estratégia focada em atacar o coração financeiro das facções criminosas.
O diagnóstico: crime como empresa
Casagrande traça um paralelo preocupante: as organizações criminosas operam como grandes corporações, com gestão profissionalizada e fluxos financeiros complexos. Segundo sua análise, o combate tradicional, focado apenas na repressão policial, tornou-se insuficiente para enfrentar essa nova realidade.
"Não adianta apenas prender pessoas se o sistema financeiro do crime continua funcionando", alerta o ex-governador, que conhece de perto os desafios da segurança pública após sua gestão no Espírito Santo.
A estratégia: atacar o bolso
O cerne da proposta de Casagrande é simples porém radical: descapitalizar as facções. Isso significa:
- Rastreamento sistemático de movimentações financeiras suspeitas
- Bloqueio de contas e aplicações ligadas ao crime organizado
- Apreensão de bens adquiridos com recursos ilícitos
- Cooperação internacional para identificar paraísos fiscais
"Temos que cortar o oxigênio financeiro que mantém essas organizações vivas", defende o político, com a convicção de quem já enfrentou de perto o poderio econômico do crime.
Papel do governo federal: coordenação nacional
Casagrande é enfático ao defender que apenas o governo federal tem capacidade para orquestrar uma ofensiva dessa magnitude. "Os estados sozinhos não conseguem enfrentar organizações que atuam em nível nacional e internacional", argumenta.
Entre as medidas propostas estão:
- Criação de uma força-tarefa interagências
- Integração de bancos de dados de inteligência
- Coordenação de operações simultâneas em múltiplos estados
- Fortalecimento da cooperação com o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)
Impacto na segurança pública
A estratégia de descapitalização, segundo Casagrande, teria efeito cascata em toda a cadeia criminal: sem recursos, as facções perdem capacidade de recrutamento, de compra de armas e de corromper agentes públicos.
"É uma abordagem que ataca a causa, não apenas os sintomas", resume o ex-governador, defendendo que essa seja a prioridade número um na agenda de segurança do país.
A proposta chega em um momento crucial, quando especialistas apontam a necessidade de novas estratégias para enfrentar o crime organizado, que se sofisticou e expandiu seu alcance nos últimos anos.