Inquérito polêmico: Justiça isenta juiz aposentado em morte de ciclista e diz que acompanhante 'assumiu risco' ao sentar em seu colo
Inquérito isenta juiz em morte de ciclista no interior de SP

Um caso que comoveu São José do Rio Preto, no interior paulista, ganhou um desfecho que está gerando intenso debate nos meios jurídicos e na sociedade. O inquérito policial sobre o atropelamento que resultou na morte de um ciclista concluiu que o magistrado aposentado envolvido no acidente não cometeu crime.

O episódio fatal

O acidente ocorreu em agosto de 2024, quando o juiz aposentado Dirceu de Almeida, de 69 anos, dirigia seu veículo pela cidade. Segundo as investigações, ele seguia pela Avenida Bady Bassitt quando atingiu o ciclista Rafael Alves dos Santos, de 32 anos, que não resistiu aos ferimentos.

O que transformou este caso em uma polêmica de grandes proporções foi a presença de uma acompanhante no veículo no momento do acidente. Testemunhas relataram à polícia que a jovem estava sentada no colo do magistrado enquanto ele dirigia.

A conclusão que surpreendeu

O relatório final do inquérito, assinado pelo delegado responsável pelo caso, trouxe uma interpretação que está causando controvérsia. O documento afirma que a acompanhante 'assumiu o risco' ao se sentar no colo do condutor, isentando o juiz aposentado de responsabilidade criminal pelo acidente.

Segundo as investigações, não foram encontradas provas de que o magistrado estivesse sob efeito de álcool ou que tenha cometido infração grave de trânsito que justificasse a imputação de crime doloso (com intenção).

Repercussão e críticas

A conclusão do inquérito tem sido alvo de fortes críticas por parte de especialistas em direito e defensores da segurança no trânsito. "A decisão cria um precedente perigoso", analisa um promotor que preferiu não se identificar. "A conduta de dirigir com alguém no colo claramente configura imperícia e deveria ser considerada".

Familiares do ciclista morto se dizem perplexos com a decisão e avaliam recorrer. "Estamos chocados com essa conclusão. Meu irmão perdeu a vida e ninguém está sendo responsabilizado", desabafa uma irmã da vítima.

Próximos passos

Com a conclusão do inquérito, o caso segue agora para o Ministério Público, que terá a palavra final sobre o arquivamento ou não das investigações. A promotoria poderá aceitar as conclusões da polícia ou determinar novas diligências.

Enquanto isso, o debate sobre a decisão continua aquecendo as redes sociais e rodas de conversa em São José do Rio Preto, com muitos questionando os critérios utilizados para estabelecer o conceito de 'assunção de risco' em situações como esta.