Arquivos de Epstein: Clinton, celebridades e menções ao Brasil em novos documentos
Novos arquivos de Epstein revelam fotos e menções ao Brasil

O governo dos Estados Unidos, sob a administração do presidente Donald Trump, liberou entre segunda-feira (22) e esta terça-feira (23) milhares de novos arquivos relacionados ao caso do financista Jeffrey Epstein. A nova remessa contém mais de oito mil documentos, incluindo centenas de vídeos e áudios, que foram disponibilizados no site do Departamento de Justiça norte-americano.

Celebridades e conexões políticas nos arquivos

Os documentos divulgados nesta semana são a continuação de um lote anterior, publicado na sexta-feira (19). Entre os materiais, destacam-se fotos de Epstein ao lado de figuras mundialmente conhecidas, como o ex-presidente Bill Clinton, o cantor Mick Jagger e o astro da música pop Michael Jackson. As imagens, no entanto, não trazem esclarecimentos sobre o contexto em que foram tiradas.

Epstein, um bilionário condenado por abusar de menores e operar uma rede de exploração sexual, mantinha proximidade com um círculo de políticos e famosos. Sua morte, em agosto de 2019, foi registrada em imagens de vigilância que também fazem parte dos novos arquivos divulgados.

As menções ao Brasil nos documentos

A análise dos papéis pelo g1 revelou pelo menos duas referências diretas ao Brasil. Em um dos registros, datado de janeiro de 2005, Epstein recebeu um recado pedindo que ligasse para um novo telefone de uma mulher. O assunto da mensagem era simplesmente "Brasil", mas a identidade de quem fez o pedido foi censurada nos documentos.

Em outra anotação manuscrita encontrada nos arquivos da investigação, há a indicação de que uma mulher — cujo nome também foi suprimido — teria sido fotografada sem seu conhecimento. A nota menciona que essa pessoa teria ido ao Brasil aos 18 anos e retornado aos Estados Unidos dois anos depois.

Pressão política e cronologia das divulgações

A liberação dos arquivos ocorre após intensa pressão política. Em novembro, o Congresso dos EUA aprovou um projeto de lei, sancionado por Trump, que determinava a divulgação das informações sobre a investigação. Até o momento, mais de 300 mil páginas já foram tornadas públicas.

No entanto, o processo tem sido alvo de críticas. O Departamento de Justiça foi acusado pela oposição democrata de reter informações e agir com lentidão, além de aplicar censura extensiva a trechos dos documentos. A identidade das vítimas de tráfico sexual é protegida por lei, mas a legislação proíbe censuras baseadas em constrangimento ou sensibilidade política.

O vice-procurador-geral Todd Blanche afirmou que a divulgação continuará nas próximas semanas, com mais centenas de milhares de documentos previstos. Ele ressaltou que não todo o conjunto de arquivos será liberado, pois parte do material pode envolver investigações ordenadas por Trump sobre figuras democratas ligadas a Epstein.

O caso, que envolve acusações de abuso contra mais de 250 meninas, permanece no centro do debate político americano, com novas revelações prometendo manter o tema em evidência.