Uma brasileira de 36 anos foi condenada a 2 anos e 6 meses de prisão no Camboja após se recusar a participar de um esquema de golpes online. Daniela Marys Costa Oliveira, natural de Belo Horizonte, está presa desde março deste ano e sua família alega que ela é vítima de tráfico humano.
Da esperança ao pesadelo no Camboja
Daniela deixou Belo Horizonte em março atraída por uma proposta de emprego em telemarketing que prometia altos salários. O destino ficava a quase 17 mil quilômetros de distância de casa, no Camboja. Porém, ao chegar ao país asiático, a realidade mostrou-se completamente diferente do prometido.
Segundo relatos da irmã, Lorena Mara Costa Oliveira, o passaporte de Daniela foi retido logo na chegada e o alojamento ficava em um local ermo. "E a gente não entendeu muito bem, ela nos comunicou que o passaporte dela foi retido então a gente já começou a achar isso muito estranho", contou Lorena em entrevista.
A recusa que levou à prisão
A mineira começou a trabalhar em março, mas rapidamente percebeu que a atividade era ilegal. O trabalho consistia em aplicar golpes online, conforme descobriu após o início das atividades. Daniela então comunicou à empresa que queria deixar o emprego e retornar ao Brasil.
"Eles não aceitaram que ela viesse embora. Aí, quando foi no dia 26 de março, na hora que ela voltou para o quarto dela, a polícia já estava lá. Apreenderam três pílulas que não eram dela, estavam nas coisas dela, e ela foi presa", relatou a irmã.
Família sofre extorsão
Após a prisão de Daniela, criminosos se passaram por ela através do WhatsApp e extorquiram a família em R$ 27 mil. A brasileira continua presa no Camboja e teve o pedido de exame toxicológico negado, que poderia comprovar que ela não consumia as drogas encontradas em suas pertences.
A decisão da justiça cambojana ocorreu na madrugada desta quarta-feira (12). A defesa da brasileira ainda pode recorrer da condenação. A Clínica do Direito da UFMG já está ciente do caso e preparará todo o necessário para a defesa de Daniela.
"Não podemos nunca esquecer que ela foi vítima de um esquema de tráfico de pessoas", afirmou Lorena, reforçando a inocência da irmã e a injustiça que estaria sofrendo.