A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (12) uma operação em grande escala contra uma organização criminosa especializada em aplicar golpes financeiros através de sites fraudulentos e tecnologia de deepfake. A ação, batizada de "Operação Gateway", cumpriu nove mandados de busca e apreensão nos estados de Minas Gerais e São Paulo.
Como funcionava o esquema criminoso
O grupo atuava de maneira sofisticada, utilizando anúncios pagos em redes sociais que direcionavam as vítimas para páginas falsas que imitavam perfeitamente o site oficial do Governo Federal. Para dar credibilidade à fraude, os criminosos empregavam vídeos manipulados com inteligência artificial que mostravam figuras públicas "confirmando" a existência de um suposto benefício governamental.
As vítimas, em sua maioria idosos acima de 70 anos, eram induzidas a informar o CPF e posteriormente pagar uma taxa via PIX para liberar um valor que prometia chegar a quase R$ 6 mil. O dinheiro era direcionado para uma empresa de pagamentos controlada pela organização e depois transferido para contas de laranjas, dificultando o rastreamento.
Estrutura complexa para anonimato
Segundo as investigações, o esquema era coordenado por dois jovens de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. Um deles, de 24 anos, era proprietário do gateway de pagamentos utilizado nas transações fraudulentas. O outro, de 25 anos, era responsável pela parte técnica e pela infraestrutura de anonimato, que incluía o uso de serviços de proxy e VPN para ocultar a localização real dos criminosos.
A investigação também identificou que parte do dinheiro desviado chegava a um integrante do grupo localizado em São Paulo, demonstrando que a operação tinha alcance interestadual.
Operação conjunta e prejuízo milionário
A ação policial contou com o apoio das polícias civis de Minas Gerais e São Paulo, mobilizando aproximadamente 50 policiais para o cumprimento das ordens judiciais. Além das buscas e apreensões, foram determinados o bloqueio de contas bancárias e bens dos investigados, com o objetivo de ressarcir as vítimas.
O prejuízo total causado pela organização criminosa ultrapassa R$ 1,3 milhão, com vítimas em todos os estados brasileiros. Os investigados também ofereciam serviços para outros criminosos, vendendo contas de anúncios e perfis "aquecidos" (com muitos seguidores) em redes sociais, que eram utilizados para burlar bloqueios e facilitar fraudes.
Durante as diligências, os policiais apreenderam dispositivos eletrônicos, veículos de luxo e conseguiram bloquear valores significativos que serão revertidos em favor das pessoas prejudicadas pelo esquema fraudulento.