
Numa decisão que acendeu os holofotes sobre o tratamento penal de crimes digitais no país, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira o pedido de progressão para regime semiaberto do hacker Walter Delgatti.
O caso — que já virou até tema de memes nas redes sociais — continua a dividir opiniões. De um lado, quem defende que crimes cibernéticos merecem punição exemplar. De outro, os que questionam se a Justiça brasileira está preparada para lidar com esse novo tipo de criminalidade.
O que diz a decisão
Moraes foi taxativo: mantém o condenado atrás das grades em regime fechado. O hacker, que já ficou famoso por invadir sistemas do governo federal, cumpre pena desde 2019 por diversos crimes, incluindo interceptação ilegal de comunicações e formação de organização criminosa.
"A gravidade dos fatos não permite flexibilização", escreveu o ministro, num trecho que parece ecoar a preocupação do Judiciário com o crescimento exponencial de ataques digitais no Brasil.
Os números que assustam
- Brasil é o 5º país com mais crimes cibernéticos no mundo
- Ataques a órgãos públicos aumentaram 220% nos últimos 3 anos
- Prejuízos superam R$ 80 bilhões anuais
Não é de hoje que especialistas batem na tecla: nosso sistema penal parece um computador com Windows XP tentando rodar programas modernos. A analogia pode ser tosca, mas reflete um dilema real. Como punir adequadamente crimes que nem existiam quando o Código Penal foi escrito?
O outro lado da moeda
Advogados de defesa — que preferem não aparecer na mídia — argumentam que Delgatti já cumpriu parte da pena e merece progressão. Alegam ainda que o cliente colaborou com investigações, o que, em tese, poderia abrir portas para benefícios.
Mas o ministro não comprou a ideia. Na prática, a mensagem parece clara: invadir sistemas governamentais não é brincadeira de hacker em filme hollywoodiano. Tem consequências reais — e pesadas.
Enquanto isso, nas redes sociais, a polarização se repete. De "herói" a "vilão", a figura do hacker continua a despertar paixões. Resta saber se o debate sobre segurança digital vai evoluir além dos xingamentos no Twitter.