A Black Friday de 2025, que acontece nesta sexta-feira, 28 de novembro, traz consigo uma ameaça digital cada vez mais sofisticada: os golpes utilizando Inteligência Artificial. Enquanto as promoções inundam a internet, criminosos se aproveitam da tecnologia para aplicar fraudes que parecem extremamente reais.
Números alarmantes das fraudes
Os dados sobre tentativas de fraude no comércio eletrônico são preocupantes. A Serasa Experian interceptou 32,4 mil tentativas de fraude em 2024, com um prejuízo estimado em impressionantes R$ 51,8 milhões. Já o Reclame AQUI registrou mais de 14 mil reclamações por golpes no ano passado.
Para 2025, o alerta é ainda mais sério com o avanço do chamado "Golpe 3.0", onde criminosos utilizam Inteligência Artificial para criar anúncios falsos, deepfakes e mensagens hiper-realistas que enganam até os consumidores mais atentos.
O comportamento que facilita os golpes
Segundo Diogo Olher, cofundador e VP de marketing e negócios digitais da Social Digital Commerce, o principal ponto de atenção não está apenas na tecnologia usada pelos criminosos, mas no comportamento do consumidor.
"O que mais leva alguém a cair em golpe é a combinação de pressa com excesso de confiança", afirma Olher. "Quando a pessoa está muito focada em aproveitar uma oferta 'única', normalmente deixa de observar detalhes básicos que indicariam que algo está errado. A fraude nasceu para explorar justamente essa desatenção."
O especialista aponta que um erro recorrente é acreditar automaticamente no que chega pelo celular, seja anúncio, mensagem ou link. "Hoje tudo é muito convincente: layout, linguagem, fotos, e isso cria uma sensação falsa de segurança. O consumidor acaba clicando sem checar histórico de preço, reputação de vendedor, política de devolução ou até mesmo o endereço real do site."
A sofisticação das fraudes com IA
A Inteligência Artificial deu aos criminosos uma capacidade de criação que antes exigia conhecimento técnico e muito tempo. "Hoje é possível montar páginas falsas extremamente realistas, criar chats que simulam um atendente humano, personalizar mensagens com base no perfil da vítima e até gerar deepfakes de voz e imagem com poucos segundos de gravação", explica Olher.
Enquanto os criminosos usam a tecnologia para aplicar golpes, as empresas também utilizam IA no sentido oposto: para prever riscos, identificar padrões suspeitos e bloquear operações antes que o golpe se concretize. "A disputa agora é tecnológica: quem protege melhor o consumidor e quem evolui mais rápido para evitar que o criminoso se antecipe", complementa o especialista.
Como agir se cair em um golpe
A principal orientação para quem descobre que caiu em uma fraude na Black Friday é agir imediatamente. "O mais importante é reagir rápido. Quanto menos tempo se passa, maiores são as chances de reverter ou minimizar o prejuízo", alerta Olher.
As medidas recomendadas incluem:
- Tentar barrar o pagamento imediatamente
- No Pix, acionar o banco e solicitar o MED (Mecanismo Especial de Devolução)
- No cartão, contestar a compra e pedir estorno
- Guardar todos os prints e comprovantes
- Registrar boletim de ocorrência
"Se a fraude aconteceu fora da plataforma, ainda assim vale registrar boletim de ocorrência e procurar o banco. O MED, que há alguns anos era pouco efetivo, hoje funciona bem melhor", finaliza o especialista.