
Quem diria que uma viagem de estudos para a Europa traria resultados tão concretos aqui no nosso quintal? Pois é exatamente isso que está acontecendo em São Paulo. A estratégia montada pelo governo estadual — que incluiu desde uma comitiva técnica na terra da neve até um esquema de monitoramento que não dorme — conseguiu um feito e tanto: reduzir em 86% os focos de incêndio entre janeiro e setembro deste ano, se a gente comparar com o mesmo período de 2024.
Não foi por acaso, claro. A coisa começou a ser costurada ainda em março, quando uma turma de especialistas — gente do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, da Secretaria de Meio Ambiente — botou o pé na estrada (ou melhor, no avião) rumo a Portugal, Espanha e França. O objetivo? Aprender na prática como esses países, que também sofrem com incêndios florestais — e são bons nisso — fazem para prevenir e combater as chamas.
O que se aprendeu do outro lado do oceano?
A comitiva não foi lá para fazer turismo, não. Trouxe na bagagem um pacote de ideias que foram adaptadas à realidade paulista. Entre os trunfos adquiridos estão:
- Sistemas de detecção precoce: Tecnologias que identificam o fogo quase no mesmo instante em que ele surge, ganhando um tempo precioso que, no combate a incêndios, faz toda a diferença entre o controle e o desastre.
- Gestão integrada de crises: Um jeito mais eficiente de conectar todas as agências envolvidas — bombeiros, defesa civil, ambientalistas — para que todos falem a mesma língua durante uma emergência.
- Táticas avançadas de combate: Novas maneiras de atacar o fogo, especialmente em terrenos acidentados, que são justamente onde o problema mais se alastra.
E o mais interessante: todo esse conhecimento não ficou só no papel. Foi colocado em prática na terra da garoa.
O centro de inteligência que não para
Enquanto isso, aqui dentro, outra peça fundamental entrava em cena: o Centro de Operações Integradas (COI). Imagine uma sala de guerra, mas dedicada exclusivamente a proteger nossas matas. Lá, especialistas ficam de plantão 24 horas por dia, sete dias por semana, analisando uma enxurrada de dados em tempo real.
Eles monitoram tudo: imagens de satélite, condições do tempo, umidade do ar, direção do vento. Qualquer alteração mínima que possa indicar perigo é investigada na hora. É uma vigilância constante, incansável. Parece coisa de filme, mas é a mais pura realidade no combate aos incêndios em São Paulo.
E os números? Bem, os números mostram que a receita deu certo. A queda de 86% nos focos de calor não é apenas uma estatística — representa florestas que continuam verdes, animais que não perderam seu habitat e um ar mais limpo para todos nós.
Claro, o trabalho não para por aí. O período mais crítico do ano, com tempo seco e ventos fortes, ainda está pela frente. Mas, com essa nova estrutura — uma mistura de know-how internacional e tecnologia de ponta aplicada localmente —, São Paulo parece estar muito melhor preparado para enfrentar as chamas. E isso, convenhamos, é um alívio para todo mundo.