O Príncipe Albert II de Mônaco chegou a São Paulo nesta sexta-feira, 7 de novembro de 2025, para um momento histórico: a implantação oficial da filial latino-americana de sua fundação ambiental. O escritório será liderado por Arnoldo Wald Filho, advogado e cônsul honorário do Principado no Brasil.
Fundação com missão global chega ao Brasil
Criada em 2006, a Fundação Príncipe Albert II de Mônaco é uma organização global sem fins lucrativos que atua em três frentes principais: preservação da biodiversidade, proteção dos oceanos e mitigação das mudanças climáticas. Embora o escritório paulista tenha sido inaugurado em maio de 2023, apenas agora ocorre sua oficialização como base regional.
O novo escritório em São Paulo terá como missão mobilizar recursos e apoio institucional para projetos ambientais na América Latina, com foco especial em:
- Reflorestamento e conservação de ecossistemas
- Financiamento de pesquisas científicas
- Parcerias com instituições como USP e Fapesp
Este se torna o décimo primeiro escritório da fundação no mundo, reforçando o compromisso global com a causa ambiental.
Alerta contra o negacionismo climático
Em entrevista exclusiva à VEJA, o príncipe foi enfático ao defender a ciência como base para as ações ambientais. "Precisamos confiar na ciência: 97% dos cientistas do mundo concordam que a mudança climática é real. Ignorar isso é um erro grave", afirmou Albert II.
O líder monegasco fez um alerta sobre os riscos do negacionismo: "Infelizmente, alguns líderes de grandes países ainda escolhem não acreditar na ciência. Os outros 2% ou 3% de cientistas que negam as mudanças climáticas muitas vezes recebem financiamento de grandes corporações".
Janela de oportunidade está se fechando
O príncipe foi categórico sobre a urgência da situação: "Temos apenas uma janela de cinco anos para mudar a trajetória das mudanças climáticas". Segundo ele, a comunidade científica e a ONU são claras sobre os prazos para evitar consequências catastróficas.
Albert II destacou que aumentos de temperatura entre 3 e 4 graus até o final do século são uma possibilidade real caso não sejam tomadas medidas imediatas. "O tempo está se esgotando", reforçou.
Economia azul e preservação dos oceanos
Um dos temas centrais da entrevista foi a importância dos oceanos para o equilíbrio do planeta. O príncipe explicou que os oceanos produzem quase metade do oxigênio que consumimos e desempenham papel fundamental na absorção de gases de efeito estufa.
"Se não entendermos que um planeta saudável é impossível sem um oceano saudável, então falharemos em nossa missão", alertou.
A fundação criou o ReOcean Fund, um fundo de 100 milhões de euros em parceria com uma instituição financeira de Mônaco, para investir em empresas que contribuem para a recuperação de ecossistemas marinhos.
COP30: momento decisivo para ação
A participação do príncipe na COP30 reforça o caráter urgente das discussões climáticas. Para Albert II, "este precisa ser um momento decisivo, um chamado maior à ação".
Ele criticou a distância entre intenções e ações concretas: "É maravilhoso falar sobre intenções e planos, mas cada país precisa assumir compromissos efetivos para reduzir emissões e mitigar impactos".
O príncipe também abordou o papel das empresas na transição sustentável, reconhecendo que as soluções precisam fazer sentido econômico para engajar o setor privado. "Tecnologia e sustentabilidade não são opostos, mas podem caminhar juntos para gerar crescimento econômico e proteção ambiental".
A mensagem final do príncipe é clara: trabalhar constantemente para manter a agenda ambiental no topo das prioridades, tanto nacionais quanto internacionais. "É uma batalha contínua", concluiu, deixando o alerta sobre a necessidade de ações imediatas para garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.