
O céu de Mato Grosso não é mais azul — é cinza. Uma cortina espessa de fumaça cobre o estado enquanto mais de sessenta focos de incêndio, sim, você leu direito, mais de sessenta, devoram a vegetação e avançam com uma fúria implacável sobre terras indígenas. A situação, francamente, está fora de controle.
E não, isso não é exagero. Dados do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciman-MT) confirmam a tragédia: são 62 pontos de fogo ativos só nesta quarta-feira (18). A maioria esmagadora, para variar, concentra-se na região amazônica do estado, um baque duríssimo para o pulmão do mundo.
O Fogo Não Perdoa Nem os Protetores da Terra
O mais cruel de tudo? As chamas estão justamente avançando sobre áreas de conservação e territórios indígenas. Lugares que deveriam ser os mais protegidos. A Terra Indígena Pareci, por exemplo, já sofre com a ação do fogo. É de cortar o coração.
E como se não bastasse a ameaça às florestas e às comunidades, o tempo virou aliado do desastre. Cuiabá, a capital, registrou um calor de arrebentar o termômetro: 41,5°C nesta quarta. A umidade relativa do ar? Uma irrisória — e perigosíssima — média de 11%. Condições perfeitas para o inferno se alastrar.
O Que Está Sendo Feito? O Combate é Heróico, Mas...
Os bombeiros militares estão lá, são heróis anônimos enfrentando o monstro. Trabalho braçal, suor e risco constante. Eles atuam principalmente nas regiões de Cuiabá, Várzea Grande e nos entornos do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. Mas é como enxugar gelo com o sol a pino.
O tenente-coronel Alessandro Borges, do Ciman-MT, não esconde a preocupação. Ele praticamente implora por ajuda da população: "A colaboração de todos é fundamental para evitarmos queimadas ilegais". A mensagem é clara — a maioria desses incêndios, pasmem, começa com a ação humana. Uma bituca de cigarro mal-apagada, uma pequena fogueira, uma queimada para 'limpar' o pasto. O resultado? Esta catástrofe.
O alerta máximo continua. O tempo segue seco. E o fogo, infelizmente, não dá sinais de que vai poupar ninguém.