
Parece que tem gente que gosta de desafiar a sorte. Ou melhor, o bolso. Nem 24 horas haviam se passado desde que a prefeitura de Iracemápolis decretou multas pesadas para quem fosse pego desperdiçando água — e adivinha? A fiscalização já encontrou os primeiros infratores.
Na manhã desta terça-feira (2), dois moradores foram flagrados usando água potável para lavar calçadas e veículos, uma cena que beira o surreal diante da crise hídrica que assombra a região. A imagem dava até raiva: mangueira solta, água jorrando no asfalto quente, enquanto a torneira do bom senso permanecia fechada.
O decreto municipal nº 4.781, publicado na segunda-feira (1º), não deixou dúvidas. A multa para quem desperdiça água pode chegar a R$ 2 mil — valor que, convenhamos, daria para pagar uma conta de água por uns dois anos. Mas parece que para alguns, a pressa em deixar o calçado brilhando vale mais que o racionamento.
Fiscalização surpresa pega infratores no flagra
Os agentes municipais saíram às ruas assim que o decreto virou lei. E não demorou muito. Na Rua dos Ipês, um homem lavava tranquilamente sua caminhonete. Na Avenida Brasil, uma senhora enchia baldes para limpar a entrada de casa. Ambos foram notificados.
— A gente avisa, orienta, explica a situação crítica dos nossos mananciais — disse um fiscal, que preferiu não se identificar. — Mas tem quem só aprenda quando vê o papel da multa na mão.
E a situação é crítica. O nível dos reservatórios que abastecem Iracemápolis está abaixo dos 35%, um alerta vermelho que justifica medidas drásticas. A prefeitura montou até um esquema especial de denúncias, onde vizinhos podem delatar — ops, reportar — quem insiste no desperdício.
Além da multa: reincidência pode levar a corte no abastecimento
Pois é. Se o valor da multa não for suficiente para fazer certas pessoas reconsiderarem suas prioridades, a prefeitura avisa: reincidência pode resultar em interrupção do fornecimento. Sim, corte de água mesmo.
— Não estamos brincando — reforçou o secretário municipal de Meio Ambiente, em tom firme. — A água é um bem finito, e enquanto alguns pensam só no seu quintal, outros estão sofrendo com a falta.
Enquanto isso, nas redes sociais, a população se divide. Uns apoiam a fiscalização rigorosa; outros reclamam que a prefeitura deveria focar em vazamentos na rede pública — que, de fato, existem e são outro capítulo preocupante dessa história.
Mas uma coisa é certa: desperdício consciente, agora, tem preço. E não é barato.