
Era pra ser mais um dia comum na imensidão azul do litoral paulista, mas o que as câmeras flagraram nas águas de Santos é de cortar o coração. Dezenas de crustáceos – siris e camarões – presos como prisioneiros numa armadilha invisível. A cena, capturada num vídeo que circula nas redes sociais, mostra uma boia de sinalização que se transformou numa cela subaquática.
A rede de pesca abandonada, enrolada na estrutura da boia, funcionava como uma teia mortal. Os bichinhos, provavelmente em busca de abrigo ou alimento, ficaram encurralados sem chance de escape. Uma armadilha silenciosa e letal, daquelas que passam despercebidas pela maioria dos banhistas.
O Olhar Atento que Revelou a Tragédia
Quem desvendou esse drama subaquático foi o pessoal do Instituto Mar Azul. Durante um monitoramento de rotina na Praia do José Menino, se depararam com a cena desoladora. Não foi fácil, mas conseguiram resgatar alguns dos animais ainda com vida. Outros... bem, outros não tiveram a mesma sorte.
"É mais comum do que imaginamos", comenta um biólogo marinho que prefere não se identificar. "Essas redes abandonadas são como fantasmas que continuam pescando meses, às vezes anos, depois de perdidas". Um fenômeno conhecido como "pesca fantasma" – assustadoramente preciso no seu significado.
Um Problema que Vai Além de Uma Boia
O caso específico da boia em Santos é só a ponta do iceberg – ou melhor, da rede. O litoral brasileiro sofre com toneladas de equipamentos de pesca abandonados ou descartados irregularmente. São redes, linhas, armadilhas que viram máquinas de matar involuntárias.
- Animais marinhos ficam presos e morrem por asfixia ou inanição
- Espécies em risco podem ser impactadas diretamente
- O material plástico vai se degradando e virando microplástico
- O ciclo de destruição continua por décadas
E o pior? Muita gente ainda acha que é "só uma rede velha".
O Que Fazer Quando Encontrar Algo Assim?
Se você, banhista ou pescador, se deparar com uma situação dessas, a regra é clara: não tente ser o herói. Manipular redes de pesca requer conhecimento técnico e pode ser perigoso. O correto é acionar imediatamente as autoridades competentes:
- Polícia Ambiental – 190
- Capitania dos Portos – (13) 3261-1688
- Instituto Mar Azul – (13) 99782-6850
Registre com fotos ou vídeos, se possível, mas mantenha distância. Até porque, quem descarta equipamento irregularmente pode responder por crime ambiental – e não, não é brincadeira. A Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) prevê multas pesadas e até detenção.
O vídeo dos crustáceos em Santos serve como daqueles alertas doloridos mas necessários. Mostra que nossa relação com o mar precisa mudar urgentemente. Porque no fundo, não são apenas siris e camarões presos numa boia – é um ecossistema inteiro pedindo socorro.