O segundo dia da Cúpula de Líderes da COP30, realizado em Belém, foi marcado por debates intensos sobre a transição dos combustíveis fósseis para uma economia sustentável. Chefes de Estado discutiram estratégias para acelerar essa mudança global durante os encontros na Zona Azul do evento.
Mercado global de carbono ganha apoio internacional
Uma das principais notícias da sexta-feira (7) foi o anúncio de que China e União Europeia endossaram a proposta do Brasil para criar um mercado global de créditos de carbono. Essa iniciativa prevê incentivos financeiros para que países e empresas reduzam suas emissões de gases poluentes.
O mecanismo funcionaria como um sistema de recompensas para nações e corporações que conseguirem diminuir sua pegada ambiental, emitindo menos gases que provocam as mudanças climáticas.
Compromisso com combustíveis sustentáveis
O Brasil assumiu um compromisso ambicioso durante a cúpula: quadruplicar a produção de combustíveis sustentáveis até 2035, com destaque para o etanol. O governo apresentou um estudo demonstrando a viabilidade técnica dessa meta, que poderia gerar aproximadamente 2 milhões de empregos no país.
Dezenove nações já aderiram a essa iniciativa, incluindo Japão, Itália e Índia, que haviam manifestado apoio anteriormente. O presidente Lula enfatizou a necessidade de eliminar a dependência de combustíveis fósseis e pediu mais recursos para países em desenvolvimento.
Fundo para transição energética gera controvérsia
Um dos pontos mais polêmicos do discurso presidencial foi a proposta de criar um fundo financiado com recursos da exploração de petróleo para bancar a transição para energias menos poluentes. Lula afirmou que parte dos lucros com petróleo será destinada à transição energética, mas não mencionou a autorização para pesquisa na Bacia da Foz do Amazonas.
Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, criticou a aparente contradição: "Você não pode propor algo para o mundo, abandonar combustíveis fósseis e ao mesmo tempo retirar mais combustíveis fósseis", afirmou.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, esclareceu que a criação do fundo ainda está em discussão e poderá incluir recursos da mineração, formando um círculo virtuoso para transformar a matriz energética brasileira.
Financiamento para florestas tropicais
O fundo brasileiro para conservação de florestas tropicais recebeu novo impulso com o anúncio de participação da Alemanha, que prometeu uma "quantia considerável", sem especificar valores. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o fundo já conta com US$ 6 bilhões em aportes iniciais, com meta de alcançar US$ 25 bilhões em recursos governamentais.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou o crescente interesse do setor privado: "As grandes empresas estão vendo nisso um grande negócio do futuro". A instituição tem R$ 7 bilhões contratados para projetos que incluem o plantio de 280 milhões de árvores.
O encerramento do segundo dia da cúpula focou nas metas de redução de emissões e financiamento climático, com Lula reforçando a responsabilidade dos países ricos no combate às mudanças climáticas e alertando que o mundo ainda está distante dos objetivos do Acordo de Paris.