Brasil leva denúncia sobre contrabando de pau-brasil para conferência internacional
Uma importante batalha ambiental está prestes a ser travada longe das florestas brasileiras. Durante a COP20 da CITES, que ocorrerá no final de novembro no Uzbequistão, a Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima) fará uma denúncia crucial sobre o comércio ilegal de pau-brasil.
A entidade alertará sobre a omissão de organizações internacionais no combate ao contrabando da madeira utilizada na fabricação de instrumentos musicais, especialmente arcos de violino.
Falta de controle internacional preocupa setor musical
De acordo com a Anafima, a falta de ação efetiva desses organismos levou o Brasil, através do Ibama, a apoiar a inclusão do pau-brasil no Anexo 1 da CITES em 2023. Esta medida, embora necessária, praticamente inviabilizou o uso legal da madeira pela indústria de instrumentos musicais.
Segundo a associação, desde a COP19 não houve cumprimento adequado das regras estabelecidas na Anotação #10, que previa sistemas de rastreabilidade e cooperação entre os países envolvidos no comércio da madeira.
Brasil cobra responsabilização internacional
No evento internacional, a associação apresentará um documento exigindo maior responsabilização dos países compradores e compromisso com a origem legal da madeira. A proposta é priorizar o pau-brasil com licença CITES, modelo já adotado pelos produtores brasileiros.
Daniel Neves, presidente da Anafima, foi enfático em sua crítica: "O Brasil cumpre as regras e paga o preço por isso, enquanto outros países continuam comprando e vendendo pau-brasil sem controle. Não dá para proteger a espécie com dois pesos e duas medidas".
Esta discussão ocorre dias após a COP30, demonstrando que a "diplomacia verde" continua em pauta, com o pau-brasil assumindo papel central em mais um capítulo importante das negociações ambientais internacionais.