
Era pra ser mais um terreno baldio no coração do Gama, mas o que os fiscais encontraram nesta semana deixou até os mais experientes de cabelo em pé. Uma construção — dessas que surgem do nada, como cogumelo depois da chuva — estava avançando sobre uma área de nascente, como se as leis ambientais fossem sugestões num cardápio de restaurante.
Não deu outra. A equipe do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) chegou com aquele jeito de quem já sabia o que ia encontrar: tijolos, concreto fresco e uma porção de "achismos" jurídicos por parte dos responsáveis. "Ah, mas aqui nunca enche!" — deve ter sido o argumento técnico usado, né?
O estrago
Pra você ter ideia, a obra clandestina já cobria nada menos que 200 metros quadrados de Área de Preservação Permanente (APP). Traduzindo: o equivalente a dois campos de futebol de pura irregularidade. E olha que o local é estratégico — abastece córregos que deságuam no Lago Paranoá, aquele cartão-postal que a gente tanto gosta de fotografar.
O pior? A construção tava a todo vapor, como se fosse legalizada. "Tinha até estrutura de concreto armado", contou um fiscal que prefere não se identificar — afinal, ninguém quer virar alvo por fazer o próprio trabalho, certo?
E agora, José?
Pra variar, o dono da obra sumiu que nem barata quando acende a luz. Mas o Ibram garante: vão encontrar. E quando acharem, a conta vai ser salgada — multa que pode chegar a R$ 50 mil, mais a obrigação de demolir tudo e recuperar a área.
Enquanto isso, a nascente segue lá, sufocada por toneladas de cimento e a velha desculpa de que "é só um pedacinho". Sabe como é, né? O problema sempre é do outro — até o dia em que a água falta na torneira.