Projeto remove 13 mil pinus invasores no Parque de Itapuã no RS
Combate a espécies invasoras no Parque de Itapuã

O que aparenta ser desmatamento no Parque Estadual de Itapuã, em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, é na verdade uma ação estratégica de preservação ambiental. Pesquisadores estão executando um projeto de remoção de milhares de árvores da espécie Pinus, considerada invasora e prejudicial ao ecossistema local.

Espécie exótica ameaça biodiversidade

O Pinus elliottii, também conhecido como pinheiro, foi originalmente introduzido no Brasil para cultivo de celulose, mas se espalhou descontroladamente. No Parque de Itapuã, a espécie formou grandes áreas dominantes onde suas folhas criam uma camada espessa no solo, impedindo a entrada de luz solar e a germinação de outras plantas.

"O Pinus elliottii é uma espécie exótica invasora. Ele cresce rápido e não tem predadores naturais aqui, o que dificulta o controle", explica Rafael Borges, coordenador técnico do projeto.

Metodologia de remoção e replantio

O trabalho de erradicação utiliza técnicas específicas conforme o tamanho das árvores. As espécies maiores são derrubadas com equipamentos especializados, enquanto as menores são removidas manualmente com facões, em uma técnica conhecida como "arranquio".

O projeto "Nosso Itapuã" já alcançou resultados significativos: cerca de 13 mil árvores invasoras foram removidas desde o início das atividades em fevereiro. A iniciativa tem duração prevista de 36 meses e atua em duas áreas do parque, totalizando aproximadamente 113 hectares.

"Iniciamos em fevereiro. É um projeto de 36 meses, com estratégia continuada para enfrentar esse problema ambiental", detalha Maurício Pereira Almeirão, coordenador geral do projeto.

Investimento e benefícios ambientais

O custo total do projeto é de aproximadamente R$ 2,5 milhões, financiado por uma empresa que necessitava compensar ambientalmente o corte de vegetação em outra localidade. Além da remoção das espécies invasoras, o programa inclui:

  • Replantio de espécies nativas
  • Educação ambiental
  • Criação de viveiros
  • Envolvimento de escolas e moradores do entorno

O Parque Estadual de Itapuã, com seus 5,5 mil hectares - área equivalente à cidade de São Leopoldo - abriga rica biodiversidade e presta serviços ambientais essenciais, como regulação do microclima e captação de gás carbônico.

Para ambientalistas, a iniciativa representa uma reparação histórica. "É uma maravilha que contribui para o ar da capital e o microclima da região", afirma Heverton Lacerda, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).

A coordenação do projeto é realizada pela Universidade La Salle em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente, demonstrando a importância da união entre academia e poder público na conservação ambiental.