
Enquanto o desmatamento avança implacavelmente sobre o Cerrado, um exército silencioso de guardiões trava uma batalha diária pela preservação do segundo maior bioma da América do Sul. São os povos tradicionais - quilombolas, geraizeiros, quebradeiras de coco babaçu e comunidades fundo de pasto - que mantêm viva a alma do Cerrado.
O Bioma Esquecido
O Cerrado, conhecido como a "caixa d'água do Brasil", já perdeu metade de sua cobertura vegetal original para a expansão do agronegócio. Apesar de sua imensa biodiversidade, é o bioma mais desmatado do país, com taxas que superam até mesmo as da Amazônia.
Quem São Os Protetores
Estima-se que mais de 80 grupos de povos e comunidades tradicionais habitam o Cerrado, cada um com saberes ancestrais sobre a conservação:
- Quilombolas: Mantêm técnicas agrícolas sustentáveis herdadas de seus antepassados
- Geraizeiros: Desenvolvem sistemas agroflorestais que convivem harmonicamente com a vegetação nativa
- Quebradeiras de coco babaçu: Preservam as palmeiras enquanto garantem seu sustento
- Comunidades fundo de pasto: Praticam o manejo coletivo das terras
Sabedoria Ancestral vs. Agronegócio
O conhecimento tradicional dessas populações sobre as plantas medicinais, ciclos naturais e técnicas de cultivo sustentável contrasta radicalmente com o modelo do agronegócio. Enquanto um preserva, o outro devasta.
Ameaças e Resistência
Essas comunidades enfrentam pressões constantes: grilagem de terras, expansão da soja, pecuária extensiva e a falta de reconhecimento de seus territórios. Apesar disso, continuam resistindo e provando que é possível desenvolver sem destruir.
O Cerrado pode ser invisível para muitos, mas para esses povos, ele é casa, farmácia, supermercado e templo. Sua luta pela preservação não é apenas por um bioma - é pela sobrevivência de um modo de vida que harmoniza ser humano e natureza.