
Imagine sair de casa e se deparar com um riacho de esgoto correndo livremente pela rua. Pois é, essa não é a cena de um filme catastrófico — é o dia a dia de muitos moradores de Nova Lima, em Minas Gerais. A situação, que já virou rotina, parece ter sido esquecida pelo poder público.
"É um absurdo!" — desabafa Dona Maria, residente há 15 anos no bairro. "Quando chove, a água mistura com o esgoto e invade as casas. Meus netos não podem nem brincar na rua." E ela não está exagerando: em alguns trechos, o mau cheiro é tão forte que chega a arder os olhos.
O retrato da negligência
Não são apenas os córregos de dejetos que assustam. As ruas esburacadas — quando não são de terra batida — parecem verdadeiras pistas de obstáculos. "Já perdi a conta de quantos pneus estourei esse ano", comenta um motorista de aplicativo que prefere não se identificar.
- Mais de 50% das vias sem pavimentação adequada
- Pontos críticos de alagamento em dias de chuva
- Risco constante de doenças pela exposição ao esgoto
O que mais choca é que alguns desses problemas persistem há décadas. Será que ninguém vê? Ou será que simplesmente virou "normal" deixar a população à mercê da sorte?
Entre promessas e realidades
A prefeitura, é claro, já prometeu ações. Mas os moradores estão cansados de ouvir discursos. "Todo ano é a mesma história: eleições se aproximam e aparecem com promessas", ironiza um comerciante local. "Depois some tudo, junto com os votos."
Enquanto isso, crianças brincam perto de valas abertas, idosos tropeçam em buracos que mais parecem crateras, e famílias inteiras convivem com o risco de contrair doenças. Até quando?
O que era para ser exceção virou regra em vários pontos da cidade. E o pior: muitos já nem reclamam mais, tamanho o cansaço. Mas calar não significa aceitar — é apenas a triste resignação de quem se sente abandonado.