Em uma demonstração clara de que a paciência tem limites, moradores de Campo Grande decidiram colocar a mão na massa - literalmente - para resolver um problema que a prefeitura vem negligenciando há meses: os inúmeros buracos que tornam o trânsito da cidade um verdadeiro obstáculo.
A gota d'água: rua se torna intransitável
A situação chegou ao extremo na Rua Antônio Bicudo, no Jardim Autonomista, onde crateras de tamanhos consideráveis transformaram o local em uma pista de obstáculos. Veículos danificados, risco de acidentes e prejuízos financeiros se tornaram parte do cotidiano dos moradores da região.
"A gente cansa de esperar. Já acionamos a prefeitura várias vezes, abrimos solicitações, mas nada acontece. Enquanto isso, nossos carros vão sendo destruídos e o perigo só aumenta", desabafa um dos residentes que participou da ação comunitária.
Ação popular ganha as ruas
Na última quinta-feira (24), um grupo de moradores se reuniu com pás, enxadas e massa asfáltica para fazer o que o poder público não fez. A cena incomum chamou a atenção: cidadãos comuns, muitos deles sem qualquer experiência em serviços de urbanização, assumindo o papel que caberia à administração municipal.
Os voluntários trabalharam durante horas preenchendo os buracos mais críticos, aqueles que já haviam causado danos a veículos e representavam risco real para motociclistas e pedestres.
Problema recorrente em toda a cidade
O caso do Jardim Autonomista não é isolado. Diversos bairros de Campo Grande enfrentam a mesma situação:
- Ruas com buracos há meses sem manutenção
- Solicitações ao 156 sem retorno efetivo
- Danos materiais aos veículos dos moradores
- Risco aumentado de acidentes de trânsito
A falta de manutenção preventiva faz com que pequenas fissuras se transformem em crateras, especialmente durante o período chuvoso, quando a água acelera o processo de deterioração do asfalto.
O silêncio da prefeitura
Enquanto os moradores trabalhavam nas ruas, a prefeitura de Campo Grande mantinha-se em silêncio sobre o assunto. A ausência de posicionamento oficial sobre o problema e sobre a ação dos cidadãos só aumenta a frustração da população.
"É triste ver que precisamos fazer o trabalho que pagamos impostos para ser feito. Não queríamos estar aqui consertando a rua, mas diante da omissão do poder público, não tivemos escolha", comentou outro participante da iniciativa.
Especialista alerta para riscos
Um engenheiro civil consultado sobre o caso, que preferiu não se identificar, alerta que a ação dos moradores, embora bem-intencionada, pode não ser a solução técnica ideal.
"Existe todo um processo técnico para a recuperação adequada de vias urbanas. O trabalho dos moradores pode resolver temporariamente o problema, mas sem a compactação correta e os materiais apropriados, esses buracos podem voltar a aparecer em pouco tempo", explica.
Um recado claro à administração municipal
A ação dos moradores de Campo Grande vai além do simples reparo de buracos. Ela representa um recado claro à prefeitura sobre a insatisfação popular com os serviços públicos e a necessidade urgente de melhorias na infraestrutura da cidade.
Enquanto aguardam uma resposta oficial e ações concretas, os moradores deixam claro que, se necessário, voltarão às ruas - não para protestar, mas para trabalhar onde o poder público falhou.