Operação Resgate: Dezenas de Aves Silvestres Livres de Cativeiro Ilegal em Feira de Santana
Aves silvestres resgatadas de cativeiro em Feira

Numa ação que misturou planejamento estratégico e um pouquinho de sorte — porque nem tudo na vida segue o roteiro —, Feira de Santana virou palco de uma operação que devolveu a esperança a dezenas de criaturas aladas. A coisa toda aconteceu na última sexta-feira, mas os detalhes só vieram à tona agora.

Imagina só: 31 aves silvestres, a maioria cantando o blues do cativeiro, resgatadas de uma situação que beira o absurdo. O IBAMA, aqueles guerreiros ambientais que a gente nem sempre vê, mas que trabalham feito formigas, uniu forças com a Polícia Militar. Juntos, foram a campo depois de receberem uma denúncia anônima — aquela velha e boa vizinhança funcionando.

O que encontraram lá?

O cenário não era bonito de se ver. Pássaros que deveriam estar voando livres, exibindo suas cores pela caatinga, presos em gaiolas como se fossem objetos de decoração. Entre os resgatados, estavam:

  • Canários-da-terra — aqueles pequenos artistas amarelos que enchem o sertão de música
  • Currículos — sim, esse é o nome popular do galo-de-campina
  • E até alguns trinca-ferros, verdadeiros atletas das asas

O mais triste? Algumas dessas espécies estão na lista dos que podem sumir pra sempre se a gente não cuidar. E olha, cuidar não é prender na gaiola da sala.

E agora, José?

Os bichinhos não foram simplesmente soltos por aí. Isso seria como mandar alguém que viveu anos num quarto escuro direto para uma boate lotada. Eles passam por uma verdadeira spa de reabilitação no CETAS — Centro de Triagem de Animais Silvestres, em Salvador.

Lá, veterinários e biólogos fazem um trabalho de paciência de jô. Avaliam a saúde, tratam possíveis traumas — porque cativeiro deixa marcas, assim como em nós — e preparam eles para o grande dia: o retorno ao lar.

Ah, e tem mais: os responsáveis por essa roubada podem responder por crime ambiental. A Lei 9.605/98 não brinca em serviço — manter animal silvestre em cativeiro sem autorização pode dar até um ano de detenção, mais multa. E olha que a multa não é pouca coisa não.

Por que isso importa?

Parece exagero se preocupar com uns passarinho, né? Mas não é. Cada animal retirado da natureza deixa um buraco no ecossistema. Eles polinizam plantas, controlam insetos, espalham sementes. São como peças de um quebra-cabeça gigante — tira uma, e a imagem toda fica comprometida.

E tem a questão cultural também. No Brasil, infelizmente, ainda tem gente que acha bonito ter um pássaro cantando na varanda. Mas os tempos mudaram, a consciência ambiental precisa evoluir junto.

O que me faz pensar: será que um dia a gente vai olhar para trás e estranhar que isso era até comum?

Enquanto isso, as aves resgatadas seguem seu processo de cura. Algumas já mostram sinais de recuperação — cantam diferente, movem-se com mais vigor. Outras ainda carregam o peso do tempo presas. Mas todas terão uma segunda chance.

E essa história serve de lembrete: a natureza não é enfeite. É vida pulsante que merece respeito. Às vezes, o melhor presente que podemos dar a um animal é simplesmente... deixá-lo em paz.