O coração do cerrado brasileiro está ardendo, e a situação é bem mais grave do que se imaginava. Um incêndio de proporções assustadoras já completou mais de 50 horas de destruição contínua na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Parece que o fogo resolveu fincar pé mesmo, não dá trégua.
Segundo informações que chegam do front de combate, as chamas começaram na última sexta-feira, por volta das 15h, e desde então não pararam de se espalhar. O que me deixa realmente apreensivo é que o fogo está avançando justamente na região do Córrego Pedras, uma área de importância ecológica imensurável — estamos falando de um verdadeiro santuário natural que está virando cinza diante dos nossos olhos.
Brigadistas na linha de frente
Enquanto você lê esta reportagem, dezenas de brigadistas do ICMBio e do Corpo de Bombeiros travam uma batalha épica contra as chamas. São homens e mulheres que arriscam a própria pele — literalmente — para tentar conter esse desastre. Trabalho hercúleo, se me perguntam.
O combate aéreo entrou em cena com um helicóptero do ICMBio, mas cá entre nós, as condições estão longe de ser ideais. Ventos fortes e aquela umidade baixa típica desta época do ano estão virando o jogo a favor do fogo. É como tentar apagar uma fogueira com gasolina — quanto mais se tenta controlar, mais as chamas parecem ganhar vida própria.
Um cenário que preocupa
O que realmente tira o sono dos especialistas é o comportamento desse incêndio. Diferente daqueles fogos controlados que conhecemos, esse parece ter personalidade própria — avança rápido, muda de direção sem aviso e encontra no cerrado seco o combustível perfeito para sua fúria.
A situação é tão crítica que o ICMBio já emitiu um alerta para que a população evite a região. Não é exagero — a fumaça está densa, a visibilidade está praticamente zero em alguns trechos, e o risco de novos focos é permanente. Quem mora por ali sabe: quando o cerrado pega fogo dessa forma, é como domar um animal selvagem — exige paciência, técnica e uma dose generosa de sorte.
Particularmente, acho que estamos diante de um daqueles momentos que vão marcar a história ambiental da região. Cinquenta horas de fogo ininterrupto não é brincadeira — é sinal de que algo está profundamente errado no nosso equilíbrio ambiental.
O que esperar?
Enquanto as equipes de combate não conseguem controlar completamente as chamas, o prejuízo ecológico continua aumentando. Cada hectare consumido pelo fogo representa habitats destruídos, animais carbonizados e um pedaço do nosso patrimônio natural que some para sempre.
Resta torcer — e muito — para que uma mudança no tempo ou um esforço sobre-humano das equipes consiga finalmente dar um fim a esse pesadelo ambiental. Porque se tem uma coisa que aprendemos com a Chapada dos Veadeiros é que a natureza tem sua própria maneira de cobrar o preço dos nossos descuidos.
