Cerrado em Colapso: A Devastação Silenciosa que Consome o Berço das Águas do Brasil
Cerrado perde 9,3 mi de hectares em 37 anos

Parece que a gente vive num país de contrastes absurdos, não é mesmo? Enquanto celebramos nossas belezas naturais, uma tragédia silenciosa vai consumindo o que resta do Cerrado. E o pior: quase ninguém está prestando atenção.

Dá pra acreditar que perdemos nada menos que 9,3 milhões de hectares de vegetação nativa desde 1985? É como se alguém riscasse do mapa uma área equivalente a praticamente todo o território de Portugal. E o ritmo? Acelerado, implacável, sem dó.

O berço das águas está secando

O que mais me corta o coração é pensar que estamos destruindo justamente o bioma que abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul. Sim, o Cerrado é aquela caixa d'água natural que alimenta o país inteiro. E estamos secando ela com nossas próprias mãos.

Os números do MapBiomas são claros como água de córrego — quando ainda existe córrego, claro. Em 1985, a vegetação nativa cobria 55,9% do Cerrado. Hoje? Caiu para 45,9%. Uma queda de 10 pontos percentuais que representa muito mais do que números: representa vida que some, equilíbrio que se rompe.

E a culpa? Bem, a culpa tem endereço certo

Olha, não adianta fingir que não sabemos de onde vem essa destruição toda. A expansão da agricultura e da pecuária avançam sobre o Cerrado como tratores sem freio. Só entre 2022 e 2023, foram 911,9 mil hectares convertidos — um aumento de 12,5% em relação ao período anterior.

E tem um detalhe que pouca gente comenta: enquanto a Amazônia recebe (merecidamente) atenção global, o Cerrado vai sendo devorado quase que às escondidas. É como se fosse aceitável sacrificar esse bioma em nome do "progresso". Será mesmo?

Estados campeões em destruição

Alguns lugares parecem competir para ver quem destrói mais rápido. Maranhão, Tocantins e Bahia lideram esse ranking triste, com perdas que beiram o inacreditável. O MATOPIBA — aquela região que virou sinônimo de expansão agrícola — concentra sozinho 62,8% de todo o desmatamento do bioma.

Mas calma, que a coisa fica pior. A vegetação campestre, aquelas formações de campos naturais que são um espetáculo à parte, foi a que mais sofreu. Quase 70% dela simplesmente desapareceu. E os pesquisadores alertam: essa destruição tem impacto direto na recarga dos aquíferos. Ou seja, menos água pra todo mundo.

E agora, o que nos resta?

Bom, diante de um cenário desses, é difícil não sentir um misto de raiva e desespero. Mas talvez ainda dê tempo de reverter — ou pelo menos frear — essa loucura. O MapBiomas sugere que precisamos urgentemente de políticas públicas específicas para o Cerrado, monitoramento eficiente e, claro, vontade política.

Porque no fim das contas, a escolha é nossa: ou aprendemos a valorizar esse patrimônio natural único, ou assistimos impotentes enquanto ele vira poeira — e nos levamos junto na queda.

Pensando bem, talvez a pergunta não seja "o que nos resta", mas sim "o que vamos deixar".